Inserido por: Administrador em 26/11/2015.
Fonte da notícia: Assessoria de Comunicação - Cimi
Fonte da notícia: Assessoria de Comunicação - Cimi
A
ocupação da Assembleia Legislativa do Mato Grosso do Sul por cerca de
150 indígenas se encerrou no final da tarde desta quarta-feira, 25,
deixando um recado aos parlamentares: os povos indígenas do estado
seguirão com as mobilizações entorno de seus direitos, e a CPI do Cimi
não servirá para criminalizar retomadas de terras tradicionais. “A
situação não deixa saída a não ser a retomada dos territórios da gente”,
disse Paulino Terena.
Os ruralistas tentam na Comissão Parlamentar de Inquérito induzir
que o Cimi incentiva e financia retomadas indígenas de terras privadas.
Depois de quase uma dezena de oitivas, nenhuma prova foi levantada.
Mesmo assim, a presidente da CPI, a deputada ruralista Mara Caseiro
(PTdoB), faz uso de calúnias e difamações numa tentativa de criminalizar
a entidade.
Durante o protesto dos indígenas, mais um ato desrespeitoso do
parlamento sul-mato-grossense. O deputado ruralista Zé Teixeira (DEM),
numa tentativa de dividir os indígenas, se reuniu com apenas alguns
Terena para celebrar um acordo visando a desocupação. Na ocasião,
afirmou que se eles decidissem permanecer na Assembleia seriam retirados
à força e numa folha arrancada de um caderno universitário escreveu os
termos do acordo, assinado por sete deputados.
O acordo prometia que os deputados se comprometeriam em agendar
uma reunião com o governador Reinaldo Azambuja e a liberação de recursos
para que uma delegação de indígenas fosse a Brasília levar suas
reivindicações ao governo federal. Não houve saída e os indígenas
anunciaram que a ocupação seria mantida.
Todavia, Teixeira não deu nenhuma resposta sobre o principal
ponto da pauta: o fim da CPI do Cimi. “Eles (ruralistas) dizem que não é
uma CPI contra os povos indígenas. Mentira. Quando eles falam que é o
Cimi quem incentiva as retomadas tão dizendo que não temos direito ao
território tradicional, que índio não pensa por si mesmo”, declarou
Paulino Terena. “A CPI tem que acabar porque só deixa a situação mais
tensa, aumenta a sensação de injustiça na gente”, afirmou.
Uma a uma, as delegações se retiraram da Assembleia para seguir
de volta às comunidades. Mais cedo, a apresentação do grupo de teatro
Maracangalha emocionou a todos e todas com uma apresentação em memória
dos 32 anos do assassinato de Marçal Tupay’i em emboscada no tekoha –
lugar onde se é – Ñanderú Marangatú, no município de Antônio João.
Nessa mesma terra indígena foi morto no último dia 29 de agosto o
Guarani e kaiowá Semião Vilhalva. Depois que os indígenas retomaram
fazendas localizadas no interior da terra indígena já homologada, a
presidente do Sindicato Rural de Antônio João, Roseli Silva, coordenou
um ataque para reaver as áreas. Semião levou um tiro no rosto enquanto
procurava o filho.
CPI do Genocídio
Durante pronunciamento no plenário da Assembleia Legislativa, há
cerca de uma semana, o deputado Zé Teixeira citou seguidas vezes e seu
discurso a CPI do Genocídio. O também deputado ruralista Paulo Corrêa
(PR) o interrompeu com um bilhete, onde pedia ao colega para corrigir o
discurso: não é CPI do Genocídio, mas CPI da Omissão do Estado em Casos
de Violências Contra Indígenas no Mato Grosso do Sul.
Teixeira leu o bilhete, acendeu uma interrogação facial,
resmungou e na sequência cravou: “O que é isso, o nome científico da CPI
do Genocídio?”. Corrêa é o relator da CPI do Cimi e integrante da CPI
do Genocídio, que tem a deputada Mara Caseiro como vice-presidente.
Com uma correlação de forças desfavorável, e até mesmo comprometedora com relação aos rumos das comissões, os indígenas afirmaram que querem a CPI do Genocídio com este nome, e não o “científico”, pediram celeridade nos trabalhos e que os ouça de forma prioritária. Por enquanto, nada disso tem ocorrido na CPI do Genocídio.
A primeira
oitiva deveria ocorrer nesta quinta-feira, 26, mas ficará para a semana
que vem. O primeiro a ser ouvido será o secretário de Segurança Pública
do Estado, Silvio César Maluf. “Querem dizer que não há genocídio em
curso, que a gente é que se mata em assassinatos. A CPI precisa ouvir o
que a gente passa longe da terra, nas reservas, confinados, nos
acampamentos”, criticou Lindomar Terena.
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