24 de Dezembro de 2015
O presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, tem sido incentivado por aliados a provocar um
impasse institucional, como resposta à decisão do Supremo Tribunal
Federal (STF) de se imiscuir em assuntos do Poder Legislativo para
alterar as regras e dificultar o impeachment da presidente Dilma. O
impasse começaria pela recusa do plenário de referendar a comissão que
vai analisar o pedido de impeachment.
Alterar o regimento está entre as medidas que podem ser adotadas pela Câmara antes da definição da comissão do impeachment.
“O STF rasgou a
Constituição e temos o dever de usar prerrogativas de legislador”, diz o
líder de um dos quatro maiores partidos da Câmara.
“Não podemos calar e vamos reagir. Houve uma decisão equivocada do Supremo”, afirma o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG).
O regimento alterado consagraria a votação secreta nas eleições para cargos e comissões permanentes ou especiais, na Câmara.
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Ex-deputado federal
de corajoso enfrentamento com a ditadura, o advogado e ministro
aposentado do Superior Tribunal Militar, Flávio Bierrenbach, desligou-se
da Associação Juízes para a Democracia, entidade criada por magistrados
que participaram da resistência democrática ao regime militar.
Bierrenbach deixou a entidade por considerá-la partidariamente
aparelhada e a serviço do governo do PT.
A Associação Juízes
para a Democracia fez uma “enquete”, com prazo de 24h para resposta, que
Bierrenbach considerou muito suspeita.
Essa enquete apontou, claro, que supostamente 73% dos associados defendiam que a entidade se posicionasse contra o impeachment.
Como Bierrenbach, 18% não queriam a entidade se manifestando sobre o tema e que só 3% seriam favoráveis ao impeachment.
A atitude do
presidente do STF, Ricardo Lewandowski, abrindo para a imprensa a
reunião com o presidente da Câmara, ontem foi considerada uma
descortesia pela turma do deputado Eduardo Cunha.
Certa vez, o senador
ACM pediu audiência ao então presidente Itamar Franco para entregar-lhe
documentos provando corrupção no governo. As provas eram até quentes,
mas a atitude de Itamar, abrindo a reunião à imprensa, acabou sendo
notícia mais relevante que as denúncias.
A interferência do
STF na chapa avulsa para analisar o impeachment de Dilma irritou a
Câmara. “Não há uma única palavra na Constituição que impeça a chapa
avulsa”, diz Carlos Marun (PMDB-MS).
A página oficial no
Facebook de Delcídio do Amaral (PT-MS), líder do governo Dilma preso,
foi tirada do ar após a prisão do senador em 25 de novembro. Antes eram
mais de 80 mil “curtidas”; hoje, são zero.
O relator do
Orçamento 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR) foi taxativo ao sepultar
a possibilidade de recuperação econômica com origem no governo: “Não há
espaço no orçamento de 2016”.
A ministra Kátia
Abreu (Agricultura), que adora boquinhas no governo, telefonou para o
deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Pediu que retirasse requerimentos que
convocam ministros do PT.
Tentando não perder o
otimismo, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) afirma que o impeachment
continua em pauta, sem mudança. “A diferença é que acabou o discurso de
golpe”, garante.
“Papai Noel não está
recebendo cartas das crianças brasileiras porque os pais não têm
dinheiro para pagar o selo”, ironiza o deputado Lúcio Vieira Lima
(PMDB-BA).
Agradecemos e retribuímos todos os votos de Boas Festas e de Feliz Ano Novo.
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