Escândalo
Com o filho
enrolado, Presidente do TCU não se deu por suspeito para opinar sobre o
Petrolão
Publicado: 26 de janeiro de 2015 às 10:27 - Atualizado às 10:36
Tiago Cedraz, o filho do presidente do TCU
O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Aroldo
Cedraz, nem sequer se deu ao trabalho de alegar-se suspeito ao produzir um
relatório em que defende a reversão das punições aplicadas a executivos e
ex-executivos da Petrobras responsáveis pela compra superfaturada da refinaria
de Pasadena, nos Estados Unidos. É que o filho dele, Tiago Cedraz, não apenas
já teve o nome citado na Operação Lava Jato como também atuou na intermediação
da venda – igualmente suspeita – de uma refinaria da Petrobras em San Lorenzo,
Argentina, a um empresário do jogo.
O TCU concluiu em julho do ano passado que houve dano ao erário de US$
792 milhões na aquisição da refinaria, em 2006, e determinou a
indisponibilidade do patrimônio de 11 executivos para resguardar eventual
ressarcimento aos cofres públicos – os integrantes do Conselho de Administração
da empresa, à época presidido por Dilma, foram isentados de culpa no negócio,
apesar de terem autorizado a compra.
Cedraz pediu vista do processo em agosto, quando o plenário discutia a
possível inclusão da atual presidente da companhia petrolífera, Graça Foster,
entre os responsáveis pelas irregularidades. Desde então, ele não havia se
pronunciado ou devolvido o caso para a conclusão do julgamento. A demora na
apreciação impede que o bloqueio de bens, por ora suspenso, seja efetivado na
prática.
Venda
suspeita
Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, atuou na execução do contrato
que previa pagamento de propina de US$ 10 milhões em caso de venda da refinaria
em San Lorenzo. Ele era sócio do escritório Cedraz & Tourinho Dantas, uma
das partes do contrato que previa repasse de uma “taxa de sucesso” de US$ 10
milhões caso se concretizasse a venda da refinaria a um empresário do jogo na
Argentina.
O lobista e engenheiro João Augusto Rezende Henriques, ex-servidor de
carreira da Petrobras, revelou que contratos da área internacional da
estatal — entre eles o referente à venda da refinaria em San Lorenzo — serviram
para o pagamento de propina a parlamentares do PMDB.
O filho de Aroldo Cedraz
confirmou ao jornal O Globo que os “honorários” deveriam ser repassados a
terceiros.
O despacho de Aroldo Cedraz foi concluído em 29 de dezembro, três dias
antes de ele assumir o comando do TCU – e, por norma da corte, deixar de
participar de julgamentos.
A manifestação ocorre num contexto de pressão do
governo e da Petrobrás, nos últimos meses, para que os ministros recuem das
determinações do julgamento de julho.
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