segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O antropoceno e a crise ecológica

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015




O campo da consciência é um dos mais promissores para se atuar no contexto da crise ecológica, climática e da evolução pela qual passamos. Soluções e respostas para tais crises podem derivar da transformação na consciência humana – e não apenas de desenvolvimentos em sua parte relacionada com a ciência e a tecnologia. 

Estamos no estágio terminal da era cenozoica (a era dos mamíferos). O antropoceno é o estágio inicial dessa era em que a evolução passa a ser crescentemente influenciada pelo espírito humano.  

O conceito de Antropoceno denota o período atual, a partir da Revolução Industrial, por volta do ano 1800, quando surgiram e se desenvolveram novas maneiras de se manipular e transformar o ambiente. A partir de então, várias condições e processos geológicos tem sido profundamente alterados pelas atividades humanas, com uma grande aceleração a partir de 1950. 

O consumo e as inovações tecnológicas passaram a ser fortes vetores dessa aceleração e das transformações ambientais e climáticas decorrentes, que se verificam nas últimas décadas, com impactos sobre a biosfera e sobre a vida social e econômica dos seres humanos. (CRUTZEN, P. J., and E. F. STOERMER, 2000). 


Matéria (geodiversidade), vida (biodiversidade) e consciência (noodiversidade) integram um mesmo espectro. A evolução da matéria é lenta e se processa nos ritmos da história geológica; a evolução biológica é mais rápida; e a noológica (intuitiva) é veloz como um raio. A crise climática e o risco do colapso ecológico ajudam a despertar para a era do conhecimento intuitivo, uma etapa da evolução que se baseia no desenvolvimento da consciência humana e não mais nos lentos processos da evolução biológica.

O momento de ruptura e mudança de eras que hoje vivemos se manifesta não apenas por meio das mudanças climáticas mas, também, pela perda de biodiversidade; destruição de habitats naturais; redução das fontes de alimento; erosão e salinização dos solos, dependência dos combustíveis fósseis, esgotamento dos recursos hídricos; despejo de produtos químicos no ambiente (agrotóxicos, hormônios, componentes de plásticos, rejeitos de mineradoras, poluição do ar); aumento da população.
 
Trata-se de uma crise da evolução como as que ocorreram em outros momentos da história da Terra, nos quais várias espécies se extinguem.

Atualmente, desenvolvem-se inúmeras iniciativas no sentido de nos adaptarmos à crise ecológica e climática ou de reduzirmos os impactos negativos das ações humanas. 


Há esforços por parte de cientistas que procuram compreender o organismo da Terra; de pessoas que adotam a simplicidade voluntária e a austeridade feliz; de empresas que adotam a ecoeficiência e meios de produção limpos, reduzem desperdícios de materiais e de energia, inventam novo ‘design’ de produtos e de processos; de governos que adotam políticas econômicas ecologizadas; de organizações da sociedade que lutam por outro mundo, de pensadores que vislumbram outras possibilidades para as sociedades e as civilizações. 

São bem-vindas todas essas ações realizadas a partir da aplicação das ciências naturais, das engenharias, da gestão de organizações públicas e privadas, da política econômica e dos mecanismos de mercado. Porém são insuficientes diante da magnitude da crise atual.  À medida que se percebe o caráter profundo da atual crise da evolução - que inclui a crise ambiental e climática -, também se compreende que soluções tecnológicas, de gestão ou de engenharia, de incentivos ou penalizações econômicas, ainda que necessárias, são insuficientes para dar-lhe respostas adequadas.  


A evolução da consciência é um caminho para conseguir se adaptar criativamente às mudanças da atual transição de eras. Ela é a grande força capaz de influir no rumo da evolução no planeta. Diante da magnitude da crise ecológica e climática atual, que constitui uma crise da evolução, é urgente ativar todos os níveis e mobilizar toda a energia psíquica humana para responder aos mega desafios com que nos defrontamos. 

A crise climática e ecológica atual coloca em risco a sobrevivência e o bem-estar da espécie humana. Diante da perspectiva de colapso planetário e da percepção dos limites da capacidade de suporte do planeta, a busca da segurança motiva uma construção coletiva de respostas. 

Líderes de grandes religiões, como o Dalai Lama ou o Papa Francisco, se manifestam em relação à crise ambiental e climática. [1] Líderes de grandes nações, tais como os Estados Unidos e a China, dois dos países que mais emitem gases de efeito estufa e com uma pesada pegada ecológica, propõem planos para descarbonizar a economia e reduzir os impactos climáticos que provocam. 

Propõem tais ações ao tomarem consciência dos problemas, dos riscos que corre a humanidade. 


Vozes dissonantes se levantam, contestam as propostas e planos. As difíceis negociações das conferências   sobre mudança climática (Rio-92, Kyoto 97, Johanesburgo em 2002, Bali em 2004, Copenhagen em 2009, Rio em 2012; Varsóvia em 2013, Paris 2015) atestam as dificuldades de se construir visões unitárias consensuais ou unânimes sobre esses temas e também as dificuldades de colocar em ação projetos coletivos comuns.


[1] Ver a Encíclica Laudato Si, divulgada pelo Papa Francisco em 2015 em http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/encyclicals/documents/papa-francesco_20150524_enciclica-laudato-si.html e o plano americano de redução de emissões lançado nos Estados Unidos em agosto de 2015 em http://www.ebc.com.br/noticias/internacional/2015/08/governo-dos-estados-unidos-anuncia-plano-para-reduzir-emissao-de

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