07/03/2016 11h25
ONG rastreou grupos no site que vendiam mais de 300 animais selvagens.
Das 80 espécies vendidas, 25 são protegidas por convenção internacional.
Cacatuas colocadas à venda em uma publicação
no Facebook de novembro de 2014; relatório da ONG Traffic mostra que rede social é usada para tráfico de animais. (Foto: Reprodução/ONG Traffic)
no Facebook de novembro de 2014; relatório da ONG Traffic mostra que rede social é usada para tráfico de animais. (Foto: Reprodução/ONG Traffic)
Nos últimos cinco meses, membros da Traffic rastrearam 14 grupos do Facebook estabelecidos na Malásia que vendiam mais de 300 animais selvagens, como ursos-do-sol, gibões e o arctictis binturong - um mamífero que vive no Sudeste Asiático.
"O crescimento das redes sociais parece ter permitido a criação de um próspero mercado de animais selvagens como animais de estimação que não existia previamente na Malásia", afirmou Kanitha Krishnasamy, diretora de programa no Sudeste Asiático da Traffic, em nota.
A descorberta pode refletir "um problema mundial", segundo a analista Sarah Stoner. No relatório intitulado "Enfrentar o tráfico: Uma avaliação rápida sobre o uso do Facebook para o comércio de vida selvagem na península da Malásia", a organização denuncia a alta demanda dos animais traficados como animais de estimação.
Das 80 espécies identificadas durante a compra/venda, mais da metade é formada por exemplares protegidos pelas leis malaias de conservação para a vida selvagem, e cerca de 25 contam com o amparo da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Silvestres (CITES, na sigla em inglês).
Entre os animais à venda também estão exemplares procedentes de países como a vizinha Indonésia e de Madagascar. Segundo as investigações, os grupos do Facebook apurados contavam com cerca de 68 mil membros ativos e um total de 106 vendedores identificados.
Proibido
A Traffic alertou sobre a descoberta ao Facebook, que respondeu de maneira positiva e colabora desde então com a organização conservacionista para buscar soluções práticas e prevenir as atividades ilegais.
"O Facebook não permite a venda e o comércio de animais em risco de extinção e não hesitará em eliminar qualquer conteúdo que viole nossos termos de serviço", afirmou um porta-voz da empresa americana, segundo comunicado divulgado pela Traffic que acompanha o relatório.
A ONG também reportou suas investigações às autoridades locais. "Tomamos medidas para fazer frente ao problema, incluindo a colaboração com outras agências de segurança para deter o comércio ilegal de vida selvagem no Facebook", declarou Hasnan Yusop, diretor do grupo de Execução do Departamento de Parques Nacionais e Vida Selvagem da Península da Malásia.
Yusop ameaçou com "duras penas" os traficantes e destacou que já foram detidas 54 pessoas relacionadas com estes crimes. A Traffic recomenda uma estreita colaboração entre as agências de segurança e a companhia americana para lutar contra as máfias. Além disso, investe em uma campanha para conscientizar a população e configurar fóruns regionais e mundiais dedicados a encontrar soluções perante este novo cenário.
"A capacidade das redes sociais para pôr em contato traficantes e compradores de maneira rápida, barata e anônima é uma preocupação para as agências de segurança e protetoras de vida selvagem", sentencia Stones ao reivindicar uma "resposta global".
Tanto em sua parte continental como na parte da ilha de Bornéu sob sua soberania, a Malásia conta com renomadas reservas naturais ricas em fauna autóctone.
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