Processo
de Digestão Molecular de Resíduos Sólidos é criado em São José dos
Campos (SP) para tratamento de lixo, chorume e recicláveis.
Um novo processo mecânico – químico possibilita a transformação do lixo e chorume (líquido resultante da decomposição) procedentes de residências em uma pasta que pode ser tratada de forma a servir para várias finalidades, a principal delas, água potável. Além da redução em 80% do volume bruto do lixo, outros resultantes são matéria-prima para construção civil, adubo natural e água reutilizável para jardins e limpeza de vias públicas, com pouco trabalho e sem alto custo. Também contempla triagem e desinfecção de recicláveis para comercialização ou retorno à indústria.
O biólogo Guilherme Moraes dos Santos é o idealizador do processo, denominado “Digestão Molecular de Resíduos Sólidos”. Após 12 anos de dedicação, ele conseguiu executá-lo na empresa Urbam, em São José dos Campos (São Paulo, Brasil) onde atua como gerente de projetos especiais. “Toda a estrutura física da matéria, inclusive do lixo, segue um padrão dentro do absoluto controle da luz solar”, afirma o biólogo, explicando que o processo cumpre as leis naturais de desintegração e renovação da matéria na Terra. Ele cita a frase do químico francês Antoine Laurent de Lavoisier: “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
O intenso mau cheiro do chorume desaparece em poucos minutos de tratamento. “Este processo é uma sinergia química, na qual a molécula de hidrogênio é condicionada em uma escala energética para desintegração e renovação da matéria”, conta o biólogo. Segundo ele, usando a reação de combinação com hidrogênio no chorume, por exemplo, este líquido voltará a ser cristalino e puro. “O hidrogênio, uma molécula muito atuante no planeta, transmuta tudo que não tem utilidade para renovação da vida ou sem funcionalidade ao equilíbrio biológico do solo. Os elementos químicos nocivos tornam-se benéficos”.
Etapas do processo – As etapas envolvidas no processamento envolvem alimentação do reator com resíduos sólidos orgânicos e adição de três componentes enzimáticos. Neste processo ocorre aumento da temperatura até aproximadamente 200º C. O material resultante do reator (motor do processo) é encaminhado para uma peneira de separação entre a parte sólida e parte líquida. É prevista reutilização dos líquidos separados no reator. O material sólido é encaminhado para secagem. Posteriormente pode ser utilizado como fertilizantes e disposto em aterro tendo em vista a redução de volume, entre outros destinos.
O biólogo ainda explica que além de eliminar totalmente o odor, o processo evita gastos milionários para manutenção de aterros sanitários com mantas de alta precisão para conter a contaminação do solo. “A pasta é inerte, o que já justifica a importância deste tratamento dos resíduos que reduz em 80% o volume bruto do lixo”. Segundo ele, a pasta concentra elementos químicos orgânicos essenciais à cadeia de nutrição do solo, plantas e vida bacteriana da terra. “É vantagem fornecê-la como fertilizante à agricultura para um resultado mais eficiente, preservando fontes de recursos da natureza, em substituição a adubos artificiais altamente impactantes”.
De acordo com Guilherme Santos, esta pasta também pode servir à construção civil, principalmente na confecção de tijolos eficientes e ultraleves para constituir paredes, telhas e artefatos de fundação de edificações. “Isso porque a pasta é constituída por fibras resistentes. Misturada a pouco cimento favorece a produção de materiais resistentes. Este conceito pode permitir soluções práticas para a destinação correta dos resíduos sólidos”, ele acentua.
Conforme o biólogo, os materiais recicláveis que vierem misturados no lixo orgânico podem ser desinfetados para destinação a cooperativas de triagem e venda ou, ainda, serem devolvidos a indústrias na forma de substâncias (borracha, cromo, tinturas, etc). Tais medidas de ‘logística reversa’ estão previstas na Lei Federal 12.305/2010 que versa sobre o Plano Estadual de Resíduos Sólidos no Brasil.
Sistema Mecânico – O sistema mecânico do processo de Digestão Molecular de Resíduos Sólidos é composto por um simples tanque dotado de um reator onde o lixo doméstico é tratado com a adição de produtos químicos em três fases do processo. Conforme o biólogo, dependendo da rigidez dos resíduos, a digestão pode ocorrer em até duas horas aproximadamente. Após o tratamento inicial,é feita a filtragem da água e a separação dos materiais recicláveis.
Guilherme Santos explica que a pasta e água resultantes destes processos são submetidas a um procedimento extra com a finalidade de alcançar as condições de uso desejadas. “O chorume durante10 minutos em tratamento por eletrocondutividade já pode ser utilizado como água de reuso em jardins, lavagem de piscinas e outras superfícies, e por 36 horas para que a água resultante do processo seja classificada potável”, ele frisa.
Tratamento do chorume
Guilherme Santos lembra que em muitos lugares não é viável tratar o lixo doméstico e chorume juntos por razões administrativas. “Nossa fórmula resolve esta demanda por meio de condutividade elétrica e adição de elementos químicos. O lixo doméstico e orgânico é processado com uso de água do tratamento. Ele frisa que todo volume de água utilizado nesta operação provém do chorume como resultante, o que aumenta conforme a sucessão destes processos. “Não há desvantagens em toda esta sistemática”, acentua.
O biólogo Guilherme e sua equipe desenvolvem estudos para o melhor entendimento sobre as transformações da matéria onde a água se mantém em um dos seus estados (absorvida, cristalizada, capilar). “O segredo de transformação da matéria assim como sua deterioração (entropia) está precisamente relacionado à referência da luz solar sobre a matéria no planeta na qual as moléculas de hidrogênio determinam a formação de dureza, temporalidade, resistência, transmutação química, decomposição, envelhecimento, formação de vírus e principalmente renovação para novas criações na natureza”, observa.
Projeto recebe licenciamento ambiental para operação
Adotado na empresa Urbam, em São José dos Campos (SP, Brasil), o projeto de Digestão Molecular de Resíduos Sólidos recebeu licenciamento ambiental prévio da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), no início do mês de abril, para operação de usina piloto destinada à transformação de resíduos sólidos urbanos orgânicos em materiais reaproveitáveis (Processo n° 57/00044/16).
Na Urbam, o processo trata inicialmente 30 toneladas de lixo por dia e 100 mil litros de chorume. Este volume de lixo representa cerca de 4% do total de resíduos por dia coletado em São José dos Campos, cerca de 700 toneladas. O tratamento,hoje, é operado manualmente. Para tanto foram investidos R$ 600 mil graças a patrocínio de três empresas que trabalham na ampliação de rodovia em São Paulo. Segundo o biólogo Guilherme Santos, o processo de tratamento pode ser automatizado para arcar com toda demanda de produção de lixo da cidade de São José dos Campos.
Veja apresentação em Render da Digestão Molecular de Resíduos Sólidos:
https://youtu.be/KiSxce-yq0k
Fonte: Envolverde
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