O Escudo das Guianas fica na região norte do continente sul-americano em uma área de cerca de 250 milhões de hectares entre Brasil, Guiana Francesa, Suriname, Guiana e parte da Venezuela. Em sua porção brasileira, abrange partes dos estados do Pará (Calha Norte) Roraima e Amapá.
Ao mesmo tempo em que apresenta altos níveis de endemismo de biodiversidade (espécies que só vivem naquela região), o local também se caracteriza pela vulnerabilidade social e ambiental motivada pela ocupação desordenada do solo, a intensificação da agricultura e grandes investimentos de infraestrutura de transporte e energia.
Some- se isso o fato de que a ação de qualquer um dos países – seja boa ou ruim – afeta diretamente o que acontece na floresta do país vizinho.
Por isso, um grupo de doze instituições do Brasil, Guiana Francesa, Guiana e Suriname reuniu-se no começo deste mês na cidade de Maripasoula, na Guiana Francesa, para traçar um plano estratégico de conservação que englobe uma atuação conjunta. O encontro reuniu 25 representantes de comunidades, governos, gestores de áreas protegidas, organizações não governamentais e povos indígenas.
O plano estratégico pensado para o Escudo das Guianas inclui desde a publicação de artigos científicos, a realização de um simpósio internacional, a captação conjunta de recursos para ações de conservação.
Os países também estão dispostos a dar suporte ao Observatório do Mercúrio, um fórum para troca de conhecimento sobre a contaminação dos rios e da biodiversidade, um dos mais graves problemas ambientais da região.
Por isso, parte do encontro foi dedicada a uma visita ao Parc amazonie de Guyane – uma área protegida francesa, de 3,1 milhões de hectares, onde foi possível ver como a Guiana Francesa lida com a proteção de áreas naturais e com problemas como o garimpo.
Para o coordenador-executivo adjunto do Instituto de Pesquisa e Formação Indígena (IEPÉ), Décio Yokota, a possibilidade do trabalho conjunto no combate à contaminação de mercúrio é uma das grandes frentes que serão abertas no futuro.
O Escudo das Guianas é uma das maiores florestas tropicais conservadas do mundo. Estima-se que ali estejam armazenadas quase 10 bilhões de toneladas de carbono, cumprindo papel importantíssimo na regulação do clima do planeta.
Além da extraordinária biodiversidade, é também uma das maiores reservas de água doce do mundo. Além disso, vários povos indígenas compartilham áreas comuns na região, entre eles os Wajãpi, os Karipuna e os Tiriyó.
“Nosso objetivo é colocar o Escudo de Guianas no mapa mundial de conservação”, explicou o analista de conservação do WWF-Brasil, Marcelo Oliveira. A organização atua há vários anos na região.
Além de apoiar a implementação do Parque Nacional do Tumucumaque, o maior parque nacional de florestas tropicais do mundo, com 3,8 milhões de hectares, o WWF-Brasil também colabora na criação do Mosaico da Amazônia Oriental, reforçando os mecanismos de gestão daquela área.
Foi ali também que nasceu o projeto Biodiversidade nas Costas, uma ação voltada para a Educação Ambiental que está se tornando uma política pública adotada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) na elaboração de suas diretrizes institucionais. (WWF Brasil/ #Envolverde)
* Publicado originalmente no site WWF Brasil.
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