10/06/2016 07h15
- Atualizado em
10/06/2016 16h18
Achado pode mudar a teoria sobre a chegada dos humanos na América.
Descoberta foi feita durante estudo de impacto ambiental em usina.
O mais novo sítio arqueológico do Brasil foi descoberto este mês às margens do Rio Tietê, na zona rural de
São Manuel
(SP). Os objetos, encontrados durante um estudo de impacto ambiental
para a ampliação da área de uma usina, foram feitos pelo homem há 11 mil
anos, dizem pesquisadores. Uma descoberta que pode até mudar a teoria
sobre a chegada dos humanos à América.
Escavações foram feitas em 11 pontos do terreno
(Foto: Reprodução / TV TEM)
Os pesquisadores escavaram o solo em onze diferentes pontos em até dois
metros de profundidade. Eles encontraram instrumentos de caça e de uso
doméstico utilizados por povos que viveram na Era das Pedras. O material
foi produzido com silexito e arenito de silexificado, nomes de rochas
originais do Centro-Oeste Paulista.
Para saber a data em que os objetos foram feitos, os pesquisadores
enviaram amostras de carvão que estavam junto com o material para um
laboratório nos Estados Unidos e o resultado surpreendeu os arqueólogos.
De acordo com o estudo, as datas aproximadas de fabricação dos
artefatos são de entre 9 a 11 mil anos atrás. O mais antigo foi
encontrado a uma profundidade de 1,7 metro da superfície do solo.
O menos antigo estava 1,10 metro de profundidade. O arqueólogo Lucas
Troncoso explica que o achado é importante porque pode provocar uma
mudança na teoria sobre a chegada dos humanos à América. A teoria mais
aceita é a de que os humanos vieram da Ásia, atravessaram o estreito de
Bering e entraram no continente pelo norte, até chegarem à América do
Sul.
Os estudos poderão mostrar que esses povos possam ter vindo de outros
lugares como a Oceania ou África. “A gente pode até chegar a pensar que a
entrada dos homens pelo estreito de Bering se deu antes das datas que
sabemos, mas é possível também que eles podem ter vindo pelo Pacífico e
atráves do Atlântico vindos da África”, afirma o arqueólogo Lucas de
Paula Souza Troncoso.
Objetos datados de cerca de 11 mil anos atrás (Foto: Reprodução / TV TEM)
O estudo do sítio arqueológico Caetetuba será aberto à comunidade. Os
historiadores vão divulgar o resultado da pesquisa aos alunos da rede
pública de ensino em cidades da região. “A gente está preparando um
material didático que vai acompanhar esse material de campo que vai
chegar e vamos montar uma exposição que vai receber alunos, professores e
a comunidade em geral de Botucatu, São Manuel, Igaraçu do Tietê,
Pratânia e Areópolis”, explica a historiadora Daniela Dionízio.
Arquéologos ficaram surpresos com a descoberta
(Foto: Reprodução / TV TEM)
O levantamento arqueológico foi feito a pedido de uma usina de açúcar e
etanol que vai expandir a área de cultivo de cana. O estudo faz parte
do protocolo para o licenciamento da área exigido pelo Instituto do
Patrimônio Histórico Cultural e Artístico Nacional. E ninguém por aqui
imaginava que ao lado das lavouras, havia tanta história escondida
debaixo da terra.
“Para nós é um bom exemplo de preservação e cuidado do capital
econômico do setor privado junto ao patrimônio histórico, que é muito
relevante nesse sentido. E foi uma grande surpresa a gente ter
encontrado um artefato datado de 11 mil anos”, conta o gerente
administrativo, Silvio Nicoletti.
Descoberta foi feita em uma área de uma usina na zona rural de São Manuel (Foto: Reprodução / TV TEM)
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