segunda-feira, 4 de julho de 2016
A construção de uma barragem no Rio Tapajós pode levar à extinção
espécies de animais e plantas, além de impactar profundamente a vida de
populações tradicionais
Por Redação do Greenpeace Brasil –
Erguer uma grande hidrelétrica em ecossistemas sensíveis como a
Amazônia, como quer o governo brasileiro no Rio Tapajós, teria impactos
irreversíveis do ponto de vista econômico e social. A obra também seria
um desastre sem proporções para a biodiversidade local. Ao alterar a
dinâmica do rio e de suas espécies, podemos colocar em risco não apenas a
existência de milhares de animais e plantas, mas também nosso próprio
futuro.
Mas mesmo com este conhecimento, o governo e empresas continuam a
insistir no projeto. Por isso, ativistas do Greenpeace do mundo todo
estão pressionando a Siemens, uma das principais fornecedoras de
turbinas do mercado, para que a empresa não participe deste projeto
desastroso.
De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) produzido por um grupo
de empresas interessado em participar do leilão da usina hidrelétrica
de São Luiz do Tapajós – a maior das 43 planejadas pelo governo em toda a
bacia – foram identificadas mais de 3.600 espécies de fauna e flora na
área de influência da barragem. Mas um estudo realizado por
pesquisadores independentes já mostrou que os impactos a estas espécies
não foram levados em consideração, enquanto as novas espécies
encontradas, entre anfíbios, aves e macacos, sequer foram citadas.
Na Amazônia, as planícies inundáveis incluem uma série de habitats, como
praias, ilhas, pedrais e igapós, que possuem características únicas e
insubstituíveis para o ecossistema local. Estes ambientes atuam como
berçários para peixes e outros animais, inclusive de importância
econômica, e fornecem recursos-chave para as populações humanas e os
animais. Mas se uma barragem for construída neste local, esses lugares
desaparecerão, gerando um profundo impacto na biodiversidade.
Os impactos, entretanto, não se limitam à área alagada pelo
reservatório. Ao interromper o pulso natural de inundação do rio – os
padrões de cheia e seca – a vida tanto rio abaixo como rio acima é
alterada de forma permanente . Portanto, os efeitos de uma hidrelétrica
não estão restritos a poucos quilômetros acima ou abaixo da barragem,
mas podem ser detectados por centenas de quilômetros da obra.
Estamos falando de 95 espécies de mamíferos, 553 aves, 302 tipos de
borboletas e mais de 1.400 espécies de plantas. Só no caso dos anfíbios e
répteis, o estudo de impacto ambiental identificou 109 espécies, sendo
16 inéditas, ou seja, ainda nem conhecidas pela ciência. E tudo isso
está ameaçado pela ganância e mau planejamento do governo e de empresas
interessadas em participar da obra.
A Siemens, por exemplo, é uma empresa multinacional que vende ao mundo a
imagem de “verde” e “ambientalmente responsável”, mas participou da
tragédia de Belo Monte, fornecendo turbinas ao empreendimento. Mas
talvez o mais curioso é que esta mesma empresa produz turbinas eólicas.
Então porque não avançar pelo caminho certo?
O futuro está na energia eólica e solar, não em barragens que destroem
comunidades, animais selvagens e a floresta. E a Siemens pode mostrar
isso a seus consumidores e ao governo brasileiro, negando-se
publicamente a participar do projeto de São Luiz do Tapajós.
Afinal, de que lado a empresa quer estar: do lado da eficiência
energética, da biodiversidade, dos povos indígenas e do povo brasileiro,
que pede por mudanças; ou do lado onde apenas o dinheiro fala mais
alto?
Está na hora de escolher, Siemens.
Fonte: Envolverde
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