terça-feira, 9 de agosto de 2016
A poluição ambiental representa uma séria ameaça aos ecossistemas
costeiros, à vida marinha e, consequentemente, à saúde humana. O
mercúrio (Hg) é um metal pesado naturalmente presente em todo o planeta
em baixas concentrações.
Dependendo das condições ambientais, o mercúrio que é introduzido no
ambiente pode sofrer alterações através de processos mediados por
microorganismos, e ter sua forma química inicial modificada, passando a
sua forma organificada, o metilmercúrio (MeHg), que é a forma mais
tóxica do elemento, responsável por efeitos prejudiciais sobre a saúde
humana através do consumo de alimentos, principalmente de vertebrados
marinhos, como peixes carnívoros.
Os peixes podem absorver em seus tecidos e órgãos concentrações de
mercúrio presentes no ambiente, através das vias respiratórias (ex:
brânquias), do tegumento (ex: pele, escamas) e da alimentação. A
capacidade de acumulação, assim como a quantidade de mercúrio presente
no peixe, depende principalmente da quantidade e disponibilidade
(biodisponibilidade) da forma química em que o elemento está no
ambiente, e varia de acordo com a espécie, hábito alimentar,
comprimento, peso, idade e mobilidade da mesma.
Um estudo realizado por pesquisadores do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF)/Campus Cabo Frio pesquisou,
selecionou e analisou 13 estudos (trabalhos científicos) cuja temática
foi a “análise das concentrações de mercúrio em espécies de peixes
marinhos na costa brasileira”, com o objetivo de mostrar quais espécies
foram capturadas em tais estudos e os níveis de mercúrio encontrados nos
indivíduos coletados de cada uma dessas espécies.
Para a surpresa de
todos, 50% dos peixes analisados nesses estudos apresentaram
concentrações de mercúrio acima do limite máximo recomendável para
consumo humano, estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS),
que é de 0,5 µg/g (micrograma de mercúrio por grama de tecido muscular)
para peixes não-carnívoros e produtos da pesca, e 1 µg/g para peixes
carnívoros.
Atualmente, o consumo de peixes, moluscos e crustáceos constitui a principal fonte de contaminação de pessoas, cujos efeitos sobre a saúde incluem danos ao sistema nervoso central, coração e sistema imunológico. Os fetos e crianças são especialmente vulneráveis a problemas de desenvolvimento.
Atualmente, o consumo de peixes, moluscos e crustáceos constitui a principal fonte de contaminação de pessoas, cujos efeitos sobre a saúde incluem danos ao sistema nervoso central, coração e sistema imunológico. Os fetos e crianças são especialmente vulneráveis a problemas de desenvolvimento.
No estudo que será publicado em breve, os pesquisadores concluíram que a
descoberta de níveis altos de mercúrio em algumas espécies de peixes
oceânicos (atum-azul, agulhão-vela, espadarte e tubarão-azul, entre
outros) é surpreendente, devido ao fato de que muitos vivem longe da
costa.
Tais concentrações podem ser explicadas pelo aumento desse
elemento ao longo da cadeia alimentar marinha e da distribuição global
de mercúrio, com dispersão auxiliada pelas correntes oceânicas e
atmosféricas de transporte. No entanto, embora esses altos níveis de
mercúrio representem um possível aumento do nível desse elemento nos
oceanos, as informações apresentadas nesse estudo serão úteis para a
indústria da pesca e órgãos públicos de saúde responsáveis por
supervisionar o consumo público de determinadas espécies de peixes.
Essas informações também fomentarão a prevenção no consumo de
determinadas espécies de peixes oceânicos, principalmente as espécies
carnívoras, e novas investigações sobre esse tema, focando no mecanismo
de contaminação das espécies estudadas.
Buscamos com essas informações, a formação de um relato que auxilie na
conscientização sobre o monitoramento desse metal em ambientes marinhos e
na fauna marinha em geral.
Marcelo Tardelli Rodrigues e Manildo Marcião de Oliveira
Programa de Pós-graduação em Engenharia Ambiental (PPEA)
Laboratório de Ecotoxicologia e Microbiologia Ambiental (LEMAM)
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense (IFF)
Fonte: EcoDebate
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