A partir de amanhã os turistas não poderão mais visitar o parque
A pesquisadora Nièden Guidon
comunicou à UNESCO nesta terça-feira (16), que deixará a presidência da
Fundação Museu do Homem Americano, no Parque Nacional da Serra da
Capivara, em São Raimundo Nonato, Sul do Piauí. Com mais de 130 mil
hectares abrangendo quatro municípios no interior do Estado, o parque
não tem recursos para se manter e fechará as portas.
De acordo com a Fundação Museu do Homem
Americano (Fumdham), responsável pela manutenção do parque, desde o ano
de 2014, os cofres da instituição recebem recursos insuficientes para
manter o patrimônio. Nesta terça-feira (16) uma decisão da Justiça
federal foi contrária a outra decisão, que havia bloqueado 4 milhões da
União para manutenção do parque, em função do ICMBIO não ter assinado a
cogestão com a FUMDHAM.
Com a decisão de Nièden Guidon, na
próxima quarta-feira (17), os turistas não poderão mais entrar no
parque. Os condutores de visitantes que sobrevivem com os recursos
provenientes do trabalho no parque ficarão impedidos de acompanhar os
visitantes. Isso certamente vai causar uma crise na economia local que
já enfrenta uma forte seca.
Com a dificuldade de zelar pela
infraestrutura e pesquisas no local, o quadro de funcionários já havia
sido reduzido no mês de junho. Dos 270 trabalhadores que atuavam na
fundação, cerca de 90% foram demitidos. Já as guaritas de fiscalização
controladas totalmente por mulheres da região e que geram empregos para
população local, também foram reduzidas e de 28 passou para apenas seis.
Segundo a arqueóloga Nièden Guidon,
presidente da Fundação Museu do Homem Americano, esse processo de
demissão foi uma tentativa de impedir o fechamento do Parque Nacional
Serra da Capivara.
“As demissões foram tentativas de barrar
o fechamento do parque, no entanto, mesmo com essa medida a situação
financeira da instituição é precária. Nem o estatus de Patrimônio
Cultural da Humanidade assegurou a entrada de recursos suficientes. É
lamentável, dediquei a minha vida aqui no parque, mas se o governo
federal não reconhecer a importância do local não adianta”, afirma.
Segundo a arqueóloga as dificuldades
financeiras do parque iniciaram com o êxodo de recursos de compensação
ambiental. Antes, as verbas eram enviadas diretamente pelas empresas ao
parque. Atualmente, os recursos são encaminhados para o governo
federal, que os distribui entre todas as unidades.
Visita do Ministro
Quase três meses após a visita do
ministro do meio ambiente, Sarney Filho, ao Parque Nacional Serra da
Capivara, nenhuma ação prática foi tomada pelo órgão ambiental e a
Fundação Museu do Homem Americano (FUMDHAM), acaba de determinar a
paralisação de todos os serviços sob sua responsabilidade na unidade de
conservação.
Aparentemente o presidente do ICMBIO,
Rômulo Mello, não entendeu a determinação do ministro Sarney Filho
durante reunião com Niéde Guidon e, depois de quase três meses, não
conseguiu, sequer, assinar a renovação do contrato de cogestão com a
FUMDHAM.
Nem a visita do Ministro, na abertura da
semana no meio ambiente, não conseguiu resolver coisas básicas para o
parque, como a assinatura de um termo de cogestão já existente desde a
década de 1990.
O resultado foi que além de não enviar verbas,
estrutura, viaturas e muitas outras necessidades do parque, o ICMBIO não
teve a responsabilidade (ou seria competência) de manter esse convênio
com a FUMDHAM impedindo que a instituição possa receber recursos para
manutenção do parque.
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