Cortes propostos são “longe do suficiente” e devem ser seis vezes mais
expressivos até 2030 para impedir um aquecimento global além de 2ºC,
reporta estudo na véspera da reunião do G20.
Enquanto os líderes do G20 se preparam para reafirmar seus compromissos
com o Acordo de Paris neste fim de semana na China, um relatório informa
que as promessas de cortes na emissão de carbono precisam ser seis
vezes mais significativas para impedir um aquecimento global acima de
2ºC.
O grupo das nações mais ricas do mundo se reunirá no próximo domingo em
Hangzhou, onde se espera que a China e os Estados Unidos sejam os
primeiros a ratificar o acordo. Enquanto os compromissos de Paris
limitam o aquecimento a “bem menos que 2ºC”, um relatório da rede
Climate Transparency afirma que a meta não será atingida a não ser que
todos os membros do G20 realizem cortes mais expressivos em suas
emissões.
Os compromissos atuais com o acordo estabelecem diminuição de 15% das
emissões projetadas até 2030, mas o relatório aponta que a ambição está
“longe do suficiente”: um limite de 2ºC exigiria um corte seis vezes
maior no mesmo período.
Apesar de sinais positivos, as mudanças ainda estão demorando a
acontecer. Quando se fala em alterações climáticas, o G20 é o grupo de
nações mais importante do mundo, responsável por 3/4 das emissões de
gases de efeito estufa. Apesar de o crescimento dessas emissões estar
desacelerando, elas ainda não estão caindo.
“Apesar do fim do crescimento de emissões globais ser uma possibilidade,
ainda não existe a dinâmica necessária para transformar a economia
baseada em combustíveis fósseis em uma economia verde”, afirmou Alvaro
Umaña, co-presidente do Climate Transparency, e ex-Ministro de meio
ambiente e energia da Costa Rica, pioneira em energia renovável.
Essa diminuição está se dando, em parte, por uma revolução renovável. O
uso de energia limpa cresceu 18% dentro do G20 desde 2008. Os países
mais atraentes para investimentos em energia renovável são China e
Índia, grandes emissores de carbono.
“Este é um bom sinal”, afirmou Jan Burck, do Germanwatch, um dos autores
do relatório. “Essas são as economias cujas transições terão maior
impacto no clima global.”
Mas o encorajamento para investidores não foi geral, afirmou. “A
dependência francesa da energia nuclear está barrando a emergência das
fontes solares e eólicas, e o corte na energia renovável proposto pela
Alemanha é preocupante.”
Além disso, os cortes prematuros aos subsídios pelo governo do Reino
Unido causaram uma perda de empregos significativa na indústria solar,
de mais de metade de seus funcionários. O governo australiano está
tentando aprovar leis que permitam o corte de US$ 1 bilhão de seu fundo
de inovação renovável.
Entre notícias mais encorajadoras, o comércio de carbono tem despontado a
níveis nacionais e provinciais, contrariando a crença de que não
obteria sucesso fora de um quadro de políticas globais específico
(apesar de seu preço ser geralmente baixo demais).
De um modo geral, a intensidade energética e de carbono das economias do
G20 estava em declínio, porém não o suficiente para compensar o
crescimento econômico, o que significa que a poluição por carbono
continuou a crescer.
Como já foi observado, milhares termelétricas a carvão em diversos
estágios de planejamento ou construção espalhadas pelo G20 são
simplesmente incompatíveis com o Acordo de Paris.
O G20 é responsável por 93% do uso de carvão, de acordo com o Carbon
Brief. Niklas Höhne, do New Climate Institute e coautor do relatório
afirmou: “Se os países do G20 se livrassem de sua dependência do carvão,
isso impactaria significativamente suas possibilidades de aumentar seus
compromissos com o clima e diminuir suas emissões no caminho para a
meta de menos que 2ºC”.
Porém, ao invés de focar seus esforços em diminuir a dependência de
carvão, petróleo e gás natural, os países do G20 continuam investindo
dinheiro público em subsídios a combustíveis fósseis. Estes chegaram a
aproximadamente US$ 70 bilhões entre 2013 e 2014, de acordo com o
relatório.
Muitos países investem significativamente mais nessas indústrias do que
em alternativas renováveis, apesar do compromisso do G20 em diminuir
esse apoio. Espera-se, com incredulidade, que a reunião na China resulte
em um prazo claro para o fim aos subsídios.
Fonte: Envolverde
Fonte: Envolverde
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