A polpa da atemoia tem mais fenólicos totais do que outras frutas mais consumidas como abacaxi, goiaba e manga.
[Imagem: Wikimedia/takoradee]
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A atemoia é uma fruta híbrida, produzida intencionalmente a partir do cruzamento entre a fruta-do-conde (Annona squamosa, L.) e a cherimoia (Annona cherimola).
Mas o fato de ter a mão do homem em sua criação não reduziu em nada os múltiplos benefícios da fruta.
A atemoia apresenta importantes propriedades funcionais para a saúde, como capacidade antioxidante e antimicrobiana, conforme acaba de ser constatado por um estudo inédito realizado pela pesquisadora Maria Rosa de Moraes, na Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp.
A atemoia também possui quantidades significativas de compostos fenólicos, como a epicatequina, além de minerais, vitamina E (tocoferóis) e ácidos graxos.
Polpa, casca e semente
O extrato da casca da atemoia apresentou as maiores concentrações de compostos fenólicos, quando comparada às demais frações da polpa e da semente. A casca da fruta se destacou pela elevada capacidade antioxidante e eficiente controle do Bacillus cereus e inibição do crescimento da Escherichia coli e Staphylococcus aureus, bactérias ligadas a doenças transmitidas por alimentos.
Embora com menor quantidade do que a casca, a polpa da atemoia apresentou teor de fenólicos totais superior a outras frutas bastante consumidas como abacaxi, goiaba, maracujá, manga e mamão, além de contar com altas concentrações de potássio.
Já em relação à semente, os resultados demonstraram baixas quantidades de compostos fenólicos. Por outro lado, a fração lipídica da semente apresentou cerca de 80% de ácidos graxos insaturados, com a predominância do ácido oleico e do ácido linoleico, compostos que atuam como fator preventivo em várias doenças cardiovasculares e degenerativas.
"Também encontramos tocoferóis (vitamina E), como alfatocoferol e o gamatocoferol. Isso demonstra que a semente também tem grande potencial para a utilização. Pode-se fazer óleos, sobretudo na área cosmética e medicinal," concluiu a pesquisadora.
Da casca ao fruto
"Nossos resultados demonstraram que tanto a polpa quanto os subprodutos, como a casca e a semente, apresentaram compostos bioativos benéficos à saúde. A atemoia é bastante atrativa dadas as características organoléticas, como aparência, cor, sabor doce, textura e aroma. Apesar disso, a fruta não é muito conhecida pela população, possuindo um elevado preço comercialmente. Acredito que a atemoia poderia ser mais divulgada, sobretudo por conta dos compostos ricos que ela tem," explicou Maria Rosa.
Alimentos com propriedades funcionais e bioativos são aqueles com potencial para a prevenção e combate a diversas doenças. Normalmente, possuem compostos fenólicos e capacidade antioxidante, que previne e retarda a formação de radicais livres no organismo, que podem ser responsáveis pelo envelhecimento precoce e por doenças degenerativas.
Mesmo a deterioração rápida da fruta, com amolecimento e escurecimento da casca, não parece ser um problema.
"Por meio do processamento, a fruta pode ser estocada congelada ou mesmo liofilizada. Durante o processamento, uma grande quantidade de resíduos e subprodutos é gerada. Nosso trabalho demonstra o potencial desses subprodutos, que poderiam ser empregados, por exemplo, como matéria-prima para a indústria cosmética e farmacêutica," contou Maria Rosa.
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