As amostras de ar de Pequim contêm genes que tornam as bactérias resistentes aos antibióticos mais poderosos disponíveis.
[Imagem: Wikimedia/Kevin Dooley]
[Imagem: Wikimedia/Kevin Dooley]
Resistência pelo ar
Inicialmente associada ao mau uso dos medicamentos, incluindo os antibióticos usados na criação de animais, a proliferação das bactérias resistentes aos antibióticos parece contar com uma via ainda mais preocupante.
Pesquisadores suecos acabam de confirmar que o ar poluído das cidades funciona como um meio de transmissão para a resistência bacteriana.
"Este pode ser um meio de transmissão mais importante do que se pensava," explicou o professor Joakim Larsson, da Universidade de Gotemburgo, cuja equipe identificou os genes da resistência bacteriana em amostras de ar poluído coletadas na cidade de Pequim, na China.
Bactérias no ar
A equipe rastreou os genes que tornam as bactérias resistentes aos antibióticos em um total de 864 amostras de DNA coletadas de seres humanos, animais e diferentes ambientes em todo o mundo.
"Nós estudamos apenas um pequeno número de amostras do ar, de forma que, para generalizar, precisamos examinar o ar de mais lugares. Mas as amostras de ar que analisamos apresentaram uma grande mistura de diferentes genes de resistência.
Particularmente preocupante é que encontramos uma série de genes que fornecem resistência aos carbapenemas, um grupo de antibióticos de último recurso usados contra infecções causadas por bactérias frequentemente muito difíceis de tratar," disse Larsson.
O tipo de exame realizado não consegue definir se as bactérias estavam realmente vivas no ar, o que as tornaria uma ameaça imediata. "É razoável acreditar que há uma mistura de bactérias vivas e mortas, com base na experiência de outros estudos do ar," explicou o pesquisador.
Estações de tratamento
A equipe agora pretende descobrir se a resistência bacteriana consegue se espalhar pelo ar a partir das estações de tratamento de esgoto, onde é bem documentada a presença das bactérias resistentes.
"Vamos fazer com que os funcionários das usinas de tratamento de esgotos usem coletores de amostras do ar. Também vamos estudar a sua flora bacteriana e a flora de pessoas que vivem muito perto e mais longe, e ver se pode haver uma conexão com as estações de tratamento," detalhou Larsson.
Os resultados foram publicados na revista Microbiome.
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