O julgamento do Senado Federal que cassou nesta quarta-feira o mandato
de Dilma Rousseff e transferiu a Presidência a seu vice, Michel Temer,
não põe fim às múltiplas crises que o Brasil atravessa.
O país segue imerso em uma grave crise econômica, política e ética. A
saída para as três passa por um compromisso nacional com o
desenvolvimento limpo – nas várias acepções do termo.
Desenvolvimento limpo é uma das chaves para a recuperação da economia.
Indústrias de energia renovável, como a eólica, seguem gerando emprego
mesmo durante a recessão. O país tem oportunidades imensas a partir das
metas com que se comprometeu no Acordo de Paris: pode criar uma economia
florestal digna da maior extensão de florestas tropicais do mundo e
pode dinamizar sua agropecuária e sequestrar carbono ao mesmo tempo ao
recuperar 30 milhões de hectares de pastagens degradadas.
Vários estudos
têm mostrado que há ganhos econômicos na redução das ineficiências que
nos fazem emitir CO2 demais. E há ganhos econômicos e sociais na adoção
de políticas ambiciosas de adaptação e redução de vulnerabilidades à
mudança do clima.
Mas desenvolvimento limpo também é o remédio contra a crise política e
moral. O modelo que nos traz a degradação dos ecossistemas, as grandes
obras que violam direitos, a aposta total nos combustíveis fósseis e as
seguidas tentativas de retrocesso na legislação ambiental é o mesmo que
produz a corrupção que afeta todo o sistema político.
Romper com esse modelo, ao mesmo tempo aproveitando as vantagens
comparativas do Brasil na nova economia, seria o caminho virtuoso para
qualquer governo brasileiro.
Fonte: Envolverde
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