O biossensor poderá ser usado para monitorar o curso da doença em
pacientes com autoanticorpos, uma vez que eles diminuem até retornar a
valores normais quando a carga tumoral desaparece.
[Imagem: Cho/Gorina/Jeffrey/Pavletich/Astrojan]
[Imagem: Cho/Gorina/Jeffrey/Pavletich/Astrojan]
Antes que um tumor maligno consiga se desenvolver, o sistema imunológico luta contra as proteínas que são alteradas durante a sua formação, produzindo certos anticorpos contra o câncer - são os chamados autoanticorpos.
Um novo biossensor, desenvolvido por cientistas da Universidade Complutense de Madri (Espanha), mostrou-se capaz de detectar essas unidades defensivas em amostras de soro de pacientes com câncer colorretal e ovariano.
O método é mais rápido e mais preciso do que as técnicas convencionais, abrindo o perspectiva de um exame para detecção precoce do câncer.
Autoanticorpos
Quando as células saudáveis são transformadas e acabam gerando tumores, o que ocorre é que a expressão de algumas proteínas está sendo alterada. Como defesa, o sistema imunológico produz certos anticorpos contra elas. A produção desses autoanticorpos começa vários meses ou mesmo anos antes que a doença esteja completamente desenvolvida e possa ser detectada pelos médicos.
"Nosso sistema imunológico produz estes autoanticorpos contra o câncer mesmo três anos antes dos primeiros sintomas aparecerem," explica a pesquisadora Susana Campuzano.
O biossensor detecta o teor de autoanticorpos gerados pelos pacientes contra a proteína p53. "Esta proteína é conhecida como a guardiã do genoma porque repara as mutações do DNA, evitando alterações no ciclo celular e o aparecimento de tumores," explica seu colega José Manuel Pingarron.
Quando a proteína p53 sofre mutações drásticas e se multiplica sem controle, o sistema imunológico de entre 10% e 40% de todos os pacientes com câncer - dependendo do tipo de câncer - produz autoanticorpos contra a p53, alertando sobre uma possível transformação maligna.
Proteína p53
Em comparação com outras técnicas que também detectam autoanticorpos contra a p53, o novo biossensor demonstrou uma sensibilidade 440 vezes maior e uma melhor discriminação entre amostras de soro positivo e negativo.
Outra vantagem do biossensor é sua simplicidade de manuseio e a velocidade com que os resultados saem. O teste completo, incluindo a expressão e purificação da p53, leva cerca de seis horas, em contraste com semanas ou meses exigidos pelos métodos tradicionais, nos quais a proteína precisa ser produzida e purificada separadamente.
Além de poder ser usado como um método de diagnóstico precoce em biópsias líquidas, o biossensor poderá ser usado para monitorar o curso da doença em pacientes com autoanticorpos para p53, uma vez que, quando a carga tumoral desaparece, os níveis destes anticorpos para p53 diminuem até retornar a valores normais.
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