quinta-feira, 12 de janeiro de 2017
O estudo de adequação de uso das terras pode ser uma importante
ferramenta para o planejamento e desenvolvimento rural de forma
sustentável. Os resultados poderão oferecer base de análise para
verificação do nível de atendimento à legislação ambiental, em maior ou
menor escala, bem como as eventuais consequências e prejuízos
decorrentes.
Conforme Lauro Peireira e Marco Gomes, pesquisadores da Embrapa Meio
Ambiente (Jaguariúna, SP), isso permite identificar não apenas as áreas
adequadamente utilizadas, mas também aquelas sobreutilizadas, que pode
significar riscos agroambientais e, ainda, as áreas subutilizadas,
indesejáveis tanto no aspecto econômico quanto no social.
A ação antrópica – alteração realizada pelo homem – sobre os
ecossistemas, visando a obtenção de alimentos e outros produtos
agrícolas, gera impactos ambientais de diferentes naturezas e
intensidades, de acordo com o tipo de ocupação das terras (culturas
anuais, perenes, exploração pecuária, florestal), os sistemas de
produção empregados (mais ou menos intensivos, com maior ou menor uso de
insumos externos) e da localização das atividades agrícolas no contexto
ecológico (clima, solo, relevo).
“Quando não são respeitadas as potencialidades e limitações da
capacidade produtiva do solo, pode correr a sua subutilização ou
sobreutilização e, por isso, os estudos de adequabilidade de uso
tornam-se de grande importância para o diagnóstico, não só de usos
equilibrados, mas também de eventuais desequilíbrios e risco
agroambiental, explica Lauro.
Nesse contexto, continua o pesquisador, abordamos um conjunto de
procedimentos metodológicos que permitem a obtenção da adequação de uso
das terras, importante instrumento de análise e planejamento
agroambiental, dentro dos princípios de sustentabilidade.
Em linhas gerais, o delineamento metodológico consta de três fases
principais. A primeira é a avaliação da aptidão agrícola das terras,
onde são obtidas as diferentes categorias de uso das terras (lavoura,
pecuária, silvicultura e áreas de preservação da fauna e flora), com os
respectivos níveis de potencialidade, representados pelas classes: Boa,
Regular, Restrita, Inapta. Neste plano de informação, serão
identificadas as potencialidades e limitações da área, inclusive com a
quantificação e distribuição espacial.
A seguinte aborda o uso e cobertura das terras. Nesta fase, são
identificados os diferentes usos e coberturas, resultando em um mapa e
legenda que expressam um mosaico real da área. Com isto, é possível uma
análise das diferentes tipologias, verificando-se aspectos como extensão
de área ocupada por cada atividade, grau de performance, nível de
atendimento à legislação ambiental (Área de Proteção Ambiental/APP, Área
de Reserva Legal/ARL, Área de Uso Restrito/AUR, principalmente), dentre
outros.
Na terceira fase – adequação de uso, realiza-se a interseção dos mapas
de aptidão agrícola e o de uso e cobertura, que resulta no mapa de
adequação, constituído das seguintes classes: uso adequado, que indica a
ocorrência de equilíbrio entre o uso atual e o uso potencial, isto é, a
atividade que está sendo desenvolvida, atualmente, corresponde ao grupo
de aptidão agrícola indicado para a área.
Por exemplo, terras com
aptidão para culturas de ciclo longo e que atualmente estão cultivadas
com citricultura; uso sobreutilizado, indica desequilíbrio, ou seja, o
uso atual é de intensidade superior à capacidade de suporte indicada
pelo grupo de aptidão agrícola. Por exemplo, terras com aptidão agrícola
para pastagem sendo cultivadas com culturas anuais. Estas áreas podem
estar sendo degradadas devido a intensidade de uso acima de seu
potencial natural.
Quanto ao uso subutilizado, esta se refere às terras
em que o grupo de aptidão agrícola corresponde a uma recomendação de
uso mais intensivo. Por exemplo, terras com aptidão agrícola para
culturas anuais e que estejam sendo utilizadas com pastagem.
Cristina Tordin (MTB 28499)
Embrapa Meio Ambiente
Fonte: EcoDebate
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