O futuro das condições do Planeta, entre elas da civilização humana, depende mais do que nunca dos cientistas e inovadores, das empresas, da sociedade civil e dos nossos esforços coletivos para acelerar a implementação das soluções já disponíveis e rentáveis para a crise climática.
Sempre soubemos que esse trabalho não seria fácil. Ainda dependemos dos combustíveis fósseis para aproximadamente 80% de toda a energia que usamos no mundo. É um desafio assustador se afastar deles tão rapidamente quanto a comunidade científica diz que é imperativo e urgente.
Despejamos todos os dias 110 milhões de toneladas de poluição causada pelo aquecimento global em nossa atmosfera como se fosse um esgoto aberto. Toda essa energia calorífica extra está interrompendo o ciclo hidrológico, evaporando muito mais vapor de água dos oceanos, enchendo os rios atmosféricos que alimentam tempestades mais fortes e inundações mais extremas, secas mais intensas e mais longas, aumentado o estresse da água e o rendimento das colheitas está declinante, Doenças extremas, crises de refugiados e instabilidade política. Simultaneamente, à fusão e fratura da criosfera estão acelerando a elevação do nível do mar, ameaçando cidades costeiras e aquíferos de água doce.
As perdas extremas de biodiversidade e ecossistemas críticos estão em níveis perigosos. E o colapso pendente da “dos créditos da bolha de ativos de carbono” ameaça a economia global. Agora, na esteira da eleição presidencial dos Estados Unidos, enfrentamos uma incerteza ainda maior.
Mas, assim como as mudanças no nosso clima não param nem começam com eleições, nossa transição para um futuro sustentável – que está bem encaminhada – não depende da política ou da ideologia.
As soluções estão à mão, existem novas tecnologias e estão sendo implantadas. Os mercados estão reagindo e intensificando a geração e armazenamento de energia limpa, a eficiência digital e a redução de resíduos. Mas estamos numa corrida contra o tempo para garantir que fazemos essas mudanças necessárias com rapidez suficiente para evitar as piores catástrofes climáticas. Incumbe à comunidade global de cientistas, tecnólogos, inovadores, investidores, empresários e líderes de base redobrar os nossos esforços para entender o desafio que enfrentamos, exigir ações e implementar as soluções.
O Acordo de Paris marcou um momento histórico quando os governos do mundo concordaram coletivamente em lutar contra a ação climática. Em todas as partes do mundo, os governos locais, estaduais e nacionais estão cada vez mais conscientes da importância de tomar medidas substantivas para enfrentar a crise climática e, talvez o mais importante, o apoio público à ação climática é maior do que nunca.
O custo da energia solar e eólica continua a cair drasticamente, atingindo a paridade do mercado com o carvão em muitas partes do mundo. Países que têm sido dependentes do petróleo e do gás por muito tempo estão aumentando o uso de energia solar e eólica para lidar com as emissões de carbono, poluição e falta de energia. Cidades e comunidades ao redor do mundo estão fazendo a transição para 100% de eletricidade renovável.
A ciência e a tecnologia estão pavimentando o caminho nos mostrando as emocionantes oportunidades à frente e provando que não estamos presos às soluções da energia arcaica, infraestrutura e políticas do passado. Empresas e investidores estão aproveitando essas oportunidades, provando que podemos desenvolver economias, criar empregos e proteger o Planeta ao mesmo tempo. A história da ação climática é de esperança e progresso, não de desespero. Esta é a nossa estrada para frente.
Mas este momento requer mais do que apenas esperança. Mais do que nunca, devemos trabalhar juntos para resolver a crise climática, para passar da negação e do desespero do passado e para nos afastarmos das formas velhas, cansadas e perigosas de consumir energia. Um mundo alimentado por energia limpa não é apenas possível, mas está ao nosso alcance, e nós devemos ser os impulsionadores do progresso. Inovação e ação farão mais bem do que ignorância e complacência.
Com as comunidades científicas e tecnológicas em nosso canto, estamos, sem dúvida, na estrada para frente a caminho de um futuro sustentável. (Eco21/ #Envolverde)
* Al Gore é ex-Vice-Presidente dos Estados Unidos e Presidente do Climate Reality Project.
Nenhum comentário:
Postar um comentário