Onça parda (Puma concolor): animal ameaçado de extinção é morto ao tentar atravessar a via. Foto: Valdir Santos.
Onça parda (Puma concolor): animal ameaçado de extinção é morto ao tentar atravessar a via. 
Foto: Valdir Santos.


Há tempos se sabe que as estradas ameaçam a fauna silvestre, no Brasil e no mundo, mas os efeitos danosos dos atropelamento sobre os carnívoros terrestres foram subestimados pelos programas de conservação dessas espécies. É o que concluiu uma pesquisa desenvolvida por pesquisadores da Alemanha e de Portugal publicada  e publicada no final de janeiro pela revista científica Global Ecology and Biogeography.


As estradas, segundo o estudo, causam a mortalidade direta e isolam as populações de carnívoros, o que pode afetar sua viabilidade a longo prazo. Os carnívoros mais expostos às estradas pertencem às famílias Felidae (felinos), Ursidae (ursos), Mustelidae (Mustelídeos), Canidae (Canídeos), Procyonidae (Procionídeos). Para chegar a tal conclusão, os pesquisadores consideraram 232 espécies de carnívoros em todo o mundo dentro de um total de 270 espécies existentes e a partir dessa separação avaliaram qual dessas espécies estavam sendo mais ameaçadas por estradas.


Os carnívoros que habitam a América do Norte e a Ásia são os que mais sofrem com a estradas, seguidos dos habitantes da América do Sul e da Europa. Mesmo em regiões com densidade de estradas considerada relativamente baixa observou-se a ocorrência de ameaça.


Negligência
Uma das questões levantadas pelos pesquisadores é que algumas espécies como a onça-parda (Puma concolor), o urso negro americano (Ursus americanus) e o urso-pardo (Ursus arctos) estão com a sobrevivência gravemente ameaçada por estradas, mas que esse perigo não tem sido levado em pauta até o momento.


O estudo alerta que aproximadamente um terço dos carnívoros mais afetados não foram identificadas pela IUCN como ameaçados por estradas. Os pesquisadores apontam para a necessidade de reavaliar a classificação de algumas espécies como por exemplo, o texugo japonês (Meles anakuma) e a marta japonesa (Martes melampus), da família dos Mustelídeos, gravemente ameaçados por esse problema e que estarão extintos em nove e dezessete anos e, mesmo assim, estão classificados pela IUCN como pouco preocupante.



Fonte: EurekAlert.