segunda-feira, 1 de maio de 2017
Segundo novo estudo, o continente funciona como um “beco sem saída” para o plástico flutuante do oceano.
Apesar de pouco povoada, a região do Ártico enfrenta uma onda de
infortúnios induzidos pelos humanos ultimamente. Além de estar sendo
remodelado devido ao aquecimento do planeta, ele agora também está cheio
de lixo plástico.
O lixo plástico é uma ameaça crescente para os oceanos ao redor do
planeta. De acordo com um novo estudo, o Ártico não só compartilha esse
problema global, mas também funciona como um “beco sem saída” para
detritos flutuantes marinhos à deriva pelo Atlântico Norte.
Segundo os autores de um novo estudo publicado pela revista Science
Advances, cerca de 300 bilhões de pedaços de detritos plásticos estão
girando em torno dos oceanos do Oceano Ártico e dos mares da Groenlândia
atualmente. A maioria destes são microplásticos, do tamanho de grãos de
arroz, que podem ser especialmente ruins para a vida selvagem.
O estudo revelou que a maior parte do plástico no ártico chega através
da corrente do golfo. Segundo os pesquisadores, existem “concentrações
bastante altas” nos mares de Barents e Groenlândia. “Há um transporte
contínuo de lixo flutuante do Atlântico Norte e os mares da Groenlândia e
Barents agem como um beco sem saída para este fluxo contínuo de
plástico”, explica o autor principal Andrés Cózar, biólogo da
Universidade de Cádiz, na Espanha.
Para esclarecer isso, Cózar e seus colegas fizeram uma viagem de cinco
meses ao redor do Oceano Ártico, criando um mapa de detritos plásticos
flutuantes. Eles também usaram dados de mais de 17.000 boias com
rastreamento por satélite, que flutuaram na superfície do oceano para
ajudá-los a traçar o fluxo de plástico do Ártico encalhados pelas
correntes oceânicas.
“O Ártico é um dos ecossistemas mais primitivos que ainda temos, e ao
mesmo tempo, é provavelmente o ecossistema mais ameaçado pela mudança
climática e pelo derretimento do gelo do mar. Qualquer pressão extra
sobre os animais no Ártico, gerada a partir de lixo plástico ou por
outra poluição, pode ser desastrosa”, diz o coautor do estudo, Erik van
Sebille, oceanógrafo e cientista climático do Imperial College de
Londres.
De acordo com um estudo de 2015, aproximadamente 9 milhões de toneladas
por ano de plástico entram nos oceanos da Terra, matando e fazendo
adoecer a vida selvagem de diversas maneiras. Redes de pesca descartadas
sufocam golfinhos e baleias, por exemplo, enquanto sacolas plásticas
entopem os sistemas digestivos de tartarugas marinhas com fome de
água-viva. Além disso, ao contrário de outros detritos biodegradáveis, o
plástico não se desintegra facilmente na água do mar, principalmente
quando transformado em microplásticos menores e menores. Estes
representam uma ameaça ecológica ainda mais perigosa, formando manchas
tóxicas que parecem alimentos para aves marinhas, peixes entre outros
animais marinhos.
Para os pesquisadores, o próximo passo é traduzir isso em como melhorar a
reciclagem de plástico em terra. “Uma vez que o plástico está no
oceano, fica muito difuso, muito pequeno e muito misturado com algas
para filtra-lo facilmente para fora. A prevenção é a melhor cura”,
conclui Sebille.
Fonte: Ciclo Vivo
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