terça-feira, 25 de abril de 2017
Sempre ocorre lembrar que as pessoas leigas e que exercem as mais
variadas atividades, não podem ser expostas a reflexão similar a
sintomatologia encontrada em sites especializados em medicina.
Mas buscar determinar a ação dos agrotóxicos sobre a saúde humana, que
costuma ser deletéria e muitas vezes fatal, provocando desde náuseas,
tonteiras, dores de cabeça ou alergias até lesões renais e hepáticas,
cânceres, alterações genéticas e doença de Parkinson, merece abordagem,
ainda que pareça catastrofista.
Essa ação pode ser sentida logo após o contato com o produto, os
chamados efeitos agudos ou após semanas ou até anos, quando são os
efeitos crônicos que muitas vezes requerem exames sofisticados para a
sua identificação.
Sintomas de intoxicação podem não aparecer de imediato. Deve-se prestar
atenção à possível ocorrência desses sintomas, para que possam ser
relatados com precisão. O agricultor intoxicado pode apresentar
irritação ou nervosismo; ansiedade e angústia; fala com frases
desconexas; tremores no corpo; indisposição, fraqueza e mal estar, dor
de cabeça, tonturas, vertigem, alterações visuais e salivação e sudorese
aumentados.
Podem ser afetado por náuseas, vômitos, cólicas abdominais; respiração
difícil, com dores no peito e falta de ar; queimaduras e alterações da
pele; dores pelo corpo inteiro, em especial nos braços, nas pernas, no
peito; irritação de nariz, garganta e olhos, provocando tosse e
lágrimas; urina alterada, seja na quantidade ou cor e convulsões ou
ataques.
A pessoa cai no chão, soltando saliva em grande quantidade, com
movimentos desencadeados de braços e pernas, sem entender o que está
acontecendo.
Todos os indivíduos estão expostos ao consumo de resíduos de agrotóxicos
e sempre, de alguma forma, se determinam riscos, ainda que muito
reduzidos.
É preciso salientar que sintomas inespecíficos como dor de cabeça,
vertigens, falta de apetite, falta de forças, nervosismo e dificuldade
para dormir, presentes em diversas patologias, frequentemente são as
únicas manifestações da intoxicação por agrotóxicos, razão pela qual
raramente se estabelece esta suspeita diagnóstica.
A presença desses sintomas em pessoas com história de exposição a
agrotóxicos deve conduzir à investigação diagnóstica de intoxicação. É
importante lembrar também que enfermidades podem ter outras causas, além
dos produtos envolvidos. Um tratamento equivocado pode piorar as
condições da pessoa enferma.
As hortaliças e as culturas do tomate, morango, batata e fumo utilizam
agrotóxicos conhecidos como organofosforados e ditiocarbamatos, que são
considerados como os prováveis causadores das doenças
neuro-comportamentais como depressão e o consequente suicídio.
As intoxicações podem causar lesões cerebrais e consequentes problemas
de locomoção e comportamento, além de depressão profunda e sintomas de
esquizofrenia, que tem sido relatada na literatura como um dos desfechos
de intoxicação crônica por organofosforado, segundo o epidemiologista
Lenine A. Carvalho.
As contaminações por organoclorados podem se iniciar logo após o
acidente ou em curto espaço de tempo. Em casos de inalação, podem
ocorrer sintomas específicos, como tosse, rouquidão, irritação de
garganta, coriza, dificuldade respiratória, hipertensão arterial,
pneumonia por irritação química, edema pulmonar.
Em casos de intoxicação aguda, por atuarem no sistema nervoso central, impedindo a transmissão nervosa normal.
Podem ocorrer estimulações do sistema nervoso central e
hiperirritabilidade, cefaleia que não cede aos analgésicos comuns,
sensação de cansaço, mal estar, náuseas e vertigens com confusão mental
passageira e transpiração fria, redução da sensibilidade na língua,
lábio, face e mãos, contrações musculares involuntárias, perdas de
apetite e peso, tremores, lesões hepáticas e renais e crise convulsiva
com coma.
Não há intenção de ser catastrofista, mas todos os indivíduos estão
expostos e podem ser vitimados por estas intoxicações. Ainda que se
determinem riscos reduzidos de ocorrência destas efemérides.
A confirmação de exposição aos organoclorados poderá ser feita através
de dosagem do teor de resíduos no sangue, utilizando cromatografia em
fase gasosa. A simples presença de resíduos no sangue não indica
intoxicação, mas é a concentração que confirma os resultados.
Os organofosforados e carbamatos causam suor e salivação abundante,
lacrimejamento, debilidade, cefaleia, tontura e vertigens, perda de
apetite, dores de estômago, visão turva, tosse com expectoração clara,
possíveis casos de irritação na pele por organofosforados.
Com pupilas contraídas e não reativas à luz, geram náuseas, vômitos e
cólicas abdominais, diarreia e dificuldade respiratória. Os carbamatos
produzem contraturas musculares e cãibras, opressão torácica, confusão
mental, perda de sono, redução da frequência cardíaca e crises
convulsivas e nos casos graves, estados de coma e paradas cardíacas, que
são causas frequentes de óbitos.
No Sul do País os agrotóxicos são largamente utilizados na cultura do
fumo e estão associados ao elevado índice de suicídios na cidade de
Venâncio Aires no Rio Grande do Sul, que chegou a atingir 37 casos para
cem habitantes, quando no Estado, o índice é de 8 para cem mil.
Estudos conduzidos no Rio Grande do Sul mostraram que os agrotóxicos
organofosforados causam sequelas neurológicas após intoxicação aguda ou
devido a exposição crônica.
Causam síndromes intermediárias, como paralisia dos músculos do pescoço,
perna e pulmão, além de diarreia intensa que ocorre de um a quatro dias
após o envenenamento e apresenta risco de morte devido a depressão
respiratória associada. São causadas por Fenthion, Dimethoate,
Monocrotophos e Metamidophos.
Os piretróides, embora pouco tóxicos do ponto de vista agudo, são
irritantes para os olhos e mucosas, causando tanto alergias de pele como
coceira intensa e manchas. Também como crises de asma brônquica ou
dificuldade respiratória, espirros, secreção e obstrução nasal.
Em exposições ocupacionais a altas concentrações, algumas pessoas
relatam sensação de adormecimento ou “formigamento” das pálpebras e ao
redor da boca. Uma sensação semelhante à do anestésico usado por
dentistas, que desaparece espontaneamente em poucas horas. Não existem
provas laboratoriais específicas para dosar resíduos ou efeitos de
piretróides no organismo humano ou animal.
Então mais do que nunca, é lícita a preocupação com os chamados
agrotóxicos e a busca de uma alimentação isenta destas substâncias
deletérias.
Dosagens reduzidas de agrotóxicos, defensivos agrícolas ou outras
substâncias químicas em proporções ou concentrações reduzidas, parecem
apenas incapazes de produzir malefícios detectáveis.
Conforme conta a lenda ou a mitologia grega, a ninguém ocorreu perguntar
ao filósofo Sócrates qual é a dosagem segura de cicuta, depois que sua
vida se extinguiu.
Referência:
http://www.ufrrj.br/institutos/it/de/acidentes/vene3.htm
Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia
Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em
Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Fonte: EcoDebate
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