- segunda-feira, 10 julho 2017 23:19
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O grupo liderado pela francesa Stéphanie Jenouvriet, do Instituto de Pesquisa Oceanográfica de Woods Hole (EUA), projetou diversos cenários futuros de sobrevivência da espécie, cujos habitats estarão sob pressão nas próximas décadas à medida que o aquecimento da Terra vai derretendo o gelo marinho do continente austral.
Eles concluíram que migrações de pinguins entre colônias e para novas regiões podem turbinar a sobrevivência da espécie e até aumentar o tamanho das populações em meados do século. No entanto, a partir de 2088, a degradação ambiental será tão generalizada que o número de imperadores passará a declinar em toda a Antártida, a uma taxa de até 11% ao ano.
Jenouvriet e seus colegas conceberam seus modelos de migração após anos estudando a população mais ilustre de pinguins-imperadores: a de Point Géologie, no leste antártico. A colônia ficou famosa ao estrelar o filme A Marcha dos Pinguins, de Luc Jaquet (2005), que ganhou o Oscar de melhor documentário no ano seguinte.
A observação dos imperadores de Point Géologie deu aos cientistas vislumbres fundamentais sobre o comportamento dos animais e sua resiliência às mudanças do clima. Eles descobriram, por exemplo, que a ave (de nome científico Aptenodytes forsteri) não é tão fiel assim ao seu lugar de nascimento e tem a capacidade de se dispersar entre colônias. Isso é uma vantagem para os pinguins numa Antártida impactada pela mudança do clima: se o local da colônia antiga está comprometido, eles podem simplesmente migrar para outra parte em vez de perecer, como algumas espécies com excessivo apego às origens.
“Por outro lado, o estudo dos pinguins também
mostrou que a existência dos imperadores é completamente dependente da
extensão de mar congelado na Antártida. É no gelo marinho que eles se
deslocam e se reproduzem, e é no krill (um tipo de camarão glacial) que
vive sob o gelo marinho que eles baseiam grande parte de sua dieta.”.
Se nada for feito para conter as emissões, a projeção é de perda de habitats para os imperadores por toda a Antártida. Em 2014, Jenouvrier e colegas estimaram que, em 2100, pelo menos dois terços das colônias teriam reduções populacionais de 50% ou mais.
Essa perda, porém, será desigual, com algumas áreas degringolando antes de outras. O novo estudo, que será publicado em agosto no periódico Biological Conservation, cria um modelo matemático unindo as projeções de perda de gelo marinho e propensão dos pinguins a emigrar. Os cientistas concluíram que a marcha entre colônias pode aumentar a população de imperadores em até 31% na primeira metade do século, se for bem-sucedida – ou reduzi-la em 65% se tudo der errado. No final, porém, quem prevalece é o clima.
“Boas decisões de dispersão servem de escudo para o efeito da mudança climática durante um curto período de tempo entre 2036 e 2046, mas no fim do século a população global estará declinando, independentemente do cenário de dispersão”, disse Jenouvrier.
Ela e seus colegas pedem que o imperador seja incluído como espécie “ameaçada” na Lei de Espécies Ameaçadas dos EUA. Seria o segundo caso – após o urso-polar – de uma espécie reconhecida como em risco pelas mudanças do clima na lei americana, que demanda ação do governo para evitar o problema por meio da redução dos gases de efeito estufa. Sob Donald Trump, porém, esse cenário é tão improvável quanto Happy Feet, o pinguim desafinado do cinema, cantar uma ópera.
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