terça-feira, 10 de outubro de 2017

Atlas de répteis demonstra importância de regiões secas para biodiversidade

Atlas de répteis demonstra importância de regiões secas para biodiversidade

Por Vandré Fonseca
Cyrtodactylus bintangtinggi, réptil encontrado na Península da Malásia. Crédito: Divulgação.
Cyrtodactylus bintangtinggi, réptil encontrado na Península da Malásia. Crédito: Divulgação.
Manaus, AM -- Um mapa com a ocorrência de répteis em todo o mundo coloca a caatinga brasileira entre as regiões mais importantes para a conservação da biodiversidade na Terra. O estudo apresenta informações sobre mais de 10 mil espécies de lagartos, cobras e tartarugas conhecidos e completa o mapeamento de todos os vertebrados que vivem em ambientes terrestres no planeta.


O estudo, liderado por pesquisadores das Universidades de Oxford, Reino Unido, e Tel Aviv, Israel, com participação de outras 30 instituições, inclusive brasileiras, foi publicado nesta segunda-feira na revista científica Nature Ecology & Evolution. Ele demonstra que regiões áridas e semiáridas podem ter importância vital para a manutenção da variedade de espécies que existem no planeta.


São regiões que não apareciam com destaque em outros mapas, que incluíam mamíferos, anfíbios ou aves. Península Arábica e Levante (região do Oriente Médio próximo ao Mar Mediterrâneo), regiões áridas da África do Sul, estepes asiáticas, desertos da região central da Austrália e Sul dos Andes também estão entre as regiões que precisam ser conservadas, para proteger a biodiversidade.


“Lagartos especialmente tendem a ter uma distribuição peculiar e frequentemente gostam de locais secos e quentes”, afirma o autor principal do artigo, o biólogo da conservação Uri Roll, da Universidade Ben-Gurion (Israel). “Então muitas das novas áreas identificadas como prioritárias para a conservação são terras secas e desertos. Elas tendem a não ser prioritárias para pássaros ou mamíferos. ”


Entre os 10.064 répteis que puderam ser mapeados, a maioria são lagartos (6.110 espécies). Serpentes são o segundo grupo mais números (3.414 espécies), seguidas pelas tartarugas (322 espécies), anfisbenas ou cobras-cegas (193 espécies), crocodilianos (24 espécies) e a tuatara (uma espécie de animal parecido com lagarto e que vive exclusivamente na Nova Zelândia).


O biólogo Richard Grenyer, professor associado em Oxford, destaca que nas regiões secas estão terras com pouco valor econômico, o que é bom para a conservação. Mas elas abrigam também grandes projetos de irrigação e usinas de energia solar. “Algumas vezes são áreas de degradação generalizada, guerras ou conflitos”, afirma o professor. “Isto as torna ambientes desafiadores para conservacionistas trabalharem”, completa.


Os autores do estudo destacam que o mapeamento é importante para usar melhor os recursos destinados à conservação. Antes dos dados dos répteis serem apresentados, já havia estudos semelhantes para aves (10 mil espécies), anfíbios (6 mil espécies) e mamíferos (5 mil espécies).
Atlas de distribuição de répteis. Imagem: Divulgação.
Atlas de distribuição de répteis. Imagem: Divulgação.
Área prioritária para conservação de répteis. Crédito: Divulgação.
Área prioritária para conservação de répteis. Crédito: Divulgação.

Saiba Mais
Artigo: The global distribution of tetrapods reveals a need for targeted reptile conservation.

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