terça-feira, 10 de outubro de 2017

Correio Braziliense – Não deixando ninguém para trás / Artigo /Isaac Tsai

Isaac Tsai, Representante do Escritório Econômico e Cultural de Taipei no Brasil


O aquecimento global e a mudança climática afetam toda a humanidade e a sustentabilidade do mundo em que vivemos. Nos últimos 23 anos, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC) pediu a cooperação mais ampla possível de todos os países na luta para evitar as consequências devastadoras, pois, até o momento, nem o governo de Taiwan nem os 23 milhões de cidadãos os quais representa tiveram adequado acesso às reuniões da Conferência das Partes. No entanto, Taiwan nunca usou tal fato como uma desculpa para se esquivar de suas responsabilidades como parte interessada (steakholder) na comunidade internacional.

Em junho de 2015, Taiwan tomou um passo concreto quando aprovou, internamente, a Lei de Gerenciamento para a Redução de Gases de Efeito Estufa (GEE), que tem o objetivo oficial de reduzir o nível das emissões de carbono em 50% de 2005 até 2050. Em resposta à Chamada de Lima para Ação Climática, Taiwan também anunciou voluntariamente sua Contribuição Nacional determinada em setembro de 2015, comprometendo-se a reduzir as emissões de GEE em 50% do nível comercial até o ano de 2030.

Taiwan entende que as questões associadas às mudanças climáticas estão intrincadamente conectadas ao desenvolvimento sustentável do mundo e acaba de lançar sua primeira revisão voluntária nacional do progresso no alcance dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis das Nações Unidas.

As mudanças climáticas não conhecem fronteiras e exigem cooperação global. Taiwan tem tanta participação na luta contra as mudanças climáticas quanto qualquer outro país e requer, urgentemente, à comunidade internacional que o apoie em sua tentativa de participar da próxima 23ª sessão da Conferência das Partes, em Bonn, na Alemanha, entre 6 e 19 de novembro deste ano, na qualidade de governo observador não membro, sob o nome de sua Administração de Proteção Ambiental (EPA).

Taiwan é conhecido por sua experiência no desenvolvimento de tecnologia verde. Ao longo das décadas, realizou numerosos projetos de cooperação com países em desenvolvimento em uma ampla gama de campos relacionados às mudanças climáticas. Taiwan também trabalhou com os EUA para gerenciar o meio ambiente e reduzir a poluição por meio de projetos, pesquisas e troca de conhecimento. Em 2014, a EPA de Taiwan oficialmente lançou a Parceria Ambiental Internacional, que comporta uma rede de especialistas mundiais trabalhando em conjunto para fortalecer a capacidade na abordagem de questões ambientais.


O Acordo de Paris destaca o importante conceito de justiça climática, demandando a todos os Estados que tomem medidas para enfrentar as mudanças climáticas. Trata-se de parâmetro injusto excluir os taiwaneses do UNFCCC, pois Taiwan é uma ilha densamente povoada, a qual se encontra exposta a eventos climáticos extremos, sendo o 21º maior emissor de dióxido de carbono do mundo.

Taiwan não pode ser deixado para trás lidando com esses fortes impactos das mudanças climáticas por conta própria. O povo de Taiwan está ansioso para participar do regime climático global, uma vez que a inclusão de Taiwan no processo da UNFCCC está em total conformidade com o propósito e o espírito da convenção, ante o reconhecimento de que a natureza global das mudanças climáticas exige a mais ampla cooperação possível, respeitando-se os princípios incorporados na Carta das Nações Unidas.

Os 23 milhões de taiwaneses têm o direito, a capacidade e a vontade de contribuir para os esforços, visando garantir o desenvolvimento sustentável do nosso planeta. Convocamos, portanto, todas as partes interessadas a olharem para além das considerações políticas e a apoiarem a participação profissional, pragmática e construtiva de Taiwan na UNFCCC.

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