Isabela de Oliveira – Em
vez de apresentar soluções para as preocupações apresentadas por 18
entidades da sociedade civil em carta aberta entregue ao governador na
tarde de ontem, Rodrigo Rollemberg usou o encontro com os representantes
da comunidade para promover ações executadas em seu governo e, ainda,
pediu apoio das entidades, que saíram da reunião mais preocupadas do que
chegaram.
Uma
das organizadoras do movimento, Tânia Battella, diretora da Frente
Comunitária do Sítio Histórico de Brasília e Distrito Federal, conta que
Rollemberg não justificou e nem respondeu os 14 questionamentos enumerados na carta.
“Embora
ele tenha aproveitado para dizer às entidades o que ele tem feito no
governo dele, ele não respondeu as questões que foram postas. E tem um
adendo que nos deixou com mais uma preocupação: com relação ao Trecho 2
do Setor Taquari, projeto que o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou que fosse suspenso, Rollemberg disse que ‘ou o GDF faz a ocupação daquela área, ou ela vai ser objetivo de parcelamento irregular’”.
Segundo
Tânia, a colocação do governador gerou mais preocupação às entidades
porque é dever do Estado controlar a ocupação e uso do solo. “Se ele
afirma para a comunidade que o governo é incapaz de fazer o controle da
ocupação, dizendo que ou ele loteia ou entrega a terra aos grileiros,
ele nos passa a impressão que o governo é incapaz de exercer um dever do
Estado, que é controlar seus territórios”, pontua.
Durante
todo o encontro, Rollemberg, que admitiu que a reunião demorou para
acontecer, enumerou os feitos de seu governo, como, por exemplo, as
obras de captação de água dos reservatórios do Lago Paranoá e Bananal.
No entanto, ele não respondeu quanto isso significa em termos de
capacidade do sistema. Nem tampouco deu satisfações sobre o complexo de
tratamento de esgoto no DF, que continua saturado.
Sobre
um dos principais pontos da carta — a desobediência da hierarquia
técnica do MPDFT, que recomenda a elaboração do Zoneamento Ecológico e
Econômico do DF (ZEE/DF) antes da Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos)
e do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCub) —
, Rollemberg disse “não estar convencido”.
“Ele
disse que acha que não precisa ser assim. E é nesse achismo que as
coisas estão sendo feitas. Nada que colocamos na carta aberta teve
justificativa ou explicação, apenas tentativas. Da nossa parte, não
aceitamos”, lamenta Tânia. Ela completa que a participação da comunidade
não se dá somente com reuniões e audiências públicas. “A participação
deve ser na confecção dos documentos. Nossas proposições, formais
inclusive, junto às comissões técnicas, não foram acatadas. Como pode
dizer que participamos se nada do que propomos é aceito?”, questiona
Battella.
------
Fórum Ambientalista do DF - Cultura e Cidadania
Nenhum comentário:
Postar um comentário