Liberação de poluentes no mundo volta a subir após três anos de estabilidade
As emissões mundiais de gases de efeito estufa devem registrar aumento em 2017, após três anos de estabilidade, revela um estudo apresentado ontem pelo Projeto Global Carbon durante a Conferência do Clima de Bonn (COP–23), na Alemanha.
De acordo com o levantamento, a liberação de poluentes relacionados à indústria e à queima de combustíveis fósseis deve aumentar 2% este ano na comparação com 2016 e alcançar o recorde de 36,8 bilhões de toneladas, após manter–se em níveis semelhantes desde 2014.
“O mundo não atingiu o ‘pico’ de emissões”, analisaram os autores do documento, que está em sua 12ª edição. “Isso mostra que é necessário atuar com mais resolução. Temos que esquecer qualquer autocondescendência”.
— É uma grande decepção — analisou Corinne Le Quéré, pesquisadora da Universidade East Anglia (Reino Unido) e membro da equipe de 76 cientistas que assinam o estudo. — Com a estimativa de 41 bilhões de toneladas de CO2 emitidas em 2017, pode faltar tempo para limitar o aumento da temperatura global em até 2 graus Celsius, e menos ainda em até 1,5 grau, como estabeleceu o Acordo de Paris há dois anos.
Responsável por 28% das emissões de gases–estufa, a China é apontada como a maior culpada pelo aumento dos poluentes. O país passou por forte crescimento industrial e, devido a episódios de seca, reduziu sua produção hidrelétrica, apelando para os combustíveis fósseis.
PATRIMÔNIOS EM RISCO A pressão contra os diplomatas reunidos em Bonn foi aumentada por outro relatório divulgado ontem pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN). De acordo com o órgão, as mudanças climáticas duplicaram o número de sítios naturais com status de patrimônio da Humanidade considerados sob ameaça de extinção.
Dos 241 sítios naturais classificados no Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), 62 estão agora “ameaçados pela mudança climática” em comparação aos 35 registrados em 2014 (de um total de 228), ano em que se divulgou o informe anterior, intitulado “Horizonte do patrimônio mundial”.
Na lista estão Machu Picchu (Peru), as ilhas Galápagos e a Grande Barreira de Corais da Austrália. Em todos os casos, além das mudanças climáticas, há outros fatores influenciando, como turismo e poluição.
“Este informe envia uma mensagem clara para os delegados reunidos em Bonn: a mudança climática atua rapidamente e afeta os tesouros mais apreciados do nosso planeta”, comentou a diretora–geral da UICN, Inger Andersen, em um comunicado. “A amplitude e o ritmo com os quais se degrada nosso patrimônio natural acentuam a necessidade de ações e de compromissos nacionais urgentes e ambiciosos para aplicar o Acordo de Paris”.
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