Por Daniela Chiaretti | De Da Nang, Vietnã
EBC
O mundo precisa acelerar o processo de transformação de suas economias e o setor produtivo e o mercado financeiro são pilares-chaves da mudança. Esta opinião é compartilhada pelas duas maiores autoridades das Nações Unidas em desenvolvimento e ambiente, o alemão Achim Steiner, diretor-executivo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e o norueguês Erik Solheim, diretor-executivo da ONU Meio Ambiente, formalmente conhecida por Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.
Steiner elogia os avanços dos últimos 10 anos na agenda ambiental e o engajamento do setor privado na criação do Acordo de Paris em 2015. Mas lista os graves problemas do mundo e a lentidão na capacidade de resposta global. "As emissões não estão baixando o suficiente, os níveis globais de produção e consumo são insustentáveis assim como a intensidade da poluição atmosférica. Produzimos mais plástico nos últimos 30 anos do que na história inteira da humanidade", diz.
Suas críticas, contudo, também têm como alvo o setor privado, o mercado financeiro e os investidores de capital que "não estão fazendo o tipo de investimento na escala necessária, não estão nem perto disso." Ele cita investimentos globais, desde 2010, de US$ 20 bilhões em gerenciamento sustentável de florestas e compara com US$ 777 bilhões, no mesmo período, no rumo contrário - em mudança do uso da terra e desmatamento. "A economia está inundada por múltiplos atores que estão fazendo a coisa errada, pelo menos em sustentabilidade a longo prazo."
Solheim, que marca sua gestão pelo combate ao uso desenfreado de plásticos descartáveis e a poluição nos oceanos, diz que o caminho da mudança tem que acontecer pelo fortalecimento da consciência pública dos problemas. Este é o motor que pressiona políticos e a economia a se transformarem. O importante, sinaliza, é trazer questões ambientais que façam sentido às pessoas.
"Falhamos como ambientalistas quando levantamos tópicos teóricos que parecem ter saído do espaço sideral", diz ele. "Precisamos fazer a conexão entre a vida privada e o quadro maior", recomenda.
Steiner e Solheim estiveram há poucos dias em Da Nang, no Vietnã, participando da 6ª Assembleia do Global Environment Facility (GEF), reunião que define as prioridades do mais tradicional fundo ambiental global. Ali falaram ao Valor e a oito jornalistas asiáticos. Leia trechos das entrevistas em:
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