Gilberto Pinheiro
A senciência dos animais, porta aberta para outro entendimento
Em junho de 2012, um grupo de neurocientistas canadenses e também de outras nacionalidades descobriu que os animais possuem peculiaridades antes entendidas como privilégio da espécie humana – a senciência,...
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12/07/2018 às 15:00
Por Gilberto Pinheiro
Por Gilberto Pinheiro
Em junho de 2012, um grupo de neurocientistas canadenses e também de
outras nacionalidades descobriu que os animais possuem peculiaridades
antes entendidas como privilégio da espécie humana – a senciência, ou
capacidade de sentir, ter consciência, emoções, sentimentos.
Concluíram que todos os mamíferos, peixes, aves, moluscos possuem os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos formadores da consciência, uma revolução científica, capitaneada pelo proeminente Philip Low, docente da Universidade Stanford e pesquisador do MIT (Massachussets Institute of Technology).
Tal comprovação de seus estudos foi demonstrada à nata científica na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, através de declaração assinada por ele e subscrita por seus pares, inclusive, pelo cosmólogo e físico, recentemente falecido, Stephen Hawking.
Surgiu, assim, uma luz no fim do túnel, uma vez que a ontologia cartesiana sempre foi fonte de entendimento reacionário e preconceituoso em relação à fauna, entendendo os animais como seres autômatos, semoventes, desprovidos de quaisquer tipos de peculiaridades tais como consciência, emoções e sentimentos. Desde os primórdios dos tempos, criou-se o mito de que animais são seres inferiores e nascem para servir à humanidade como melhor lhe aprouver. Descartes, proeminente filósofo e matemático francês no século 17, entendia que os animais estão no mundo para servir ao ser humano e nada mais que isso, concedendo salvo-conduto àqueles que desejam utilizá-los como tração animal, alimentação, serviços pesados, caça, divertimento etc.
Nas sombras desse entendimento, surgiram as experiências laboratoriais, utilizando cobaias animais sem analgesia, um filme de horror e dor que chegou aos nossos tempos e, agora, terá fim em breve tempo, em virtude das novas e bem-vindas descobertas.
Cientes de tais descobertas, é inadmissível que ainda existam rodeios, vaquejadas, rinhas de galo e outras formas de crueldade que subvertem a vida da fauna em amplo espectro. Assim, abrem-se portas para outro entendimento, novas leis que amparem os animais, uma vez que a Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) é branda e incipiente, não punindo com rigor aqueles que maltratam a fauna em sua diversidade, característica comum, conhecida como especismo.
A senciência e direitos dos animais precisam ser disciplina escolar em todos os níveis, inclusive no ensino superior, como disciplina propedêutica. Aqui, no Brasil, estamos distantes desse alvissareiro objetivo e, enquanto isso, nos EUA há dezenas de faculdades de Direito ministrando a matéria Direito Ambiental e, no caso, a bioética animal. Claro que a senciência está inserida no contexto. Um dia, creio eu, também será assim no Brasil. É questão de bom senso e boa vontade por parte das autoridades responsáveis pela educação em nosso país.
*Jornalista
Fonte: Jornal do Brasil
Concluíram que todos os mamíferos, peixes, aves, moluscos possuem os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos formadores da consciência, uma revolução científica, capitaneada pelo proeminente Philip Low, docente da Universidade Stanford e pesquisador do MIT (Massachussets Institute of Technology).
Tal comprovação de seus estudos foi demonstrada à nata científica na Universidade de Cambridge, no Reino Unido, através de declaração assinada por ele e subscrita por seus pares, inclusive, pelo cosmólogo e físico, recentemente falecido, Stephen Hawking.
Surgiu, assim, uma luz no fim do túnel, uma vez que a ontologia cartesiana sempre foi fonte de entendimento reacionário e preconceituoso em relação à fauna, entendendo os animais como seres autômatos, semoventes, desprovidos de quaisquer tipos de peculiaridades tais como consciência, emoções e sentimentos. Desde os primórdios dos tempos, criou-se o mito de que animais são seres inferiores e nascem para servir à humanidade como melhor lhe aprouver. Descartes, proeminente filósofo e matemático francês no século 17, entendia que os animais estão no mundo para servir ao ser humano e nada mais que isso, concedendo salvo-conduto àqueles que desejam utilizá-los como tração animal, alimentação, serviços pesados, caça, divertimento etc.
Nas sombras desse entendimento, surgiram as experiências laboratoriais, utilizando cobaias animais sem analgesia, um filme de horror e dor que chegou aos nossos tempos e, agora, terá fim em breve tempo, em virtude das novas e bem-vindas descobertas.
Cientes de tais descobertas, é inadmissível que ainda existam rodeios, vaquejadas, rinhas de galo e outras formas de crueldade que subvertem a vida da fauna em amplo espectro. Assim, abrem-se portas para outro entendimento, novas leis que amparem os animais, uma vez que a Lei Federal 9.605/98 (Lei de Crimes Ambientais) é branda e incipiente, não punindo com rigor aqueles que maltratam a fauna em sua diversidade, característica comum, conhecida como especismo.
A senciência e direitos dos animais precisam ser disciplina escolar em todos os níveis, inclusive no ensino superior, como disciplina propedêutica. Aqui, no Brasil, estamos distantes desse alvissareiro objetivo e, enquanto isso, nos EUA há dezenas de faculdades de Direito ministrando a matéria Direito Ambiental e, no caso, a bioética animal. Claro que a senciência está inserida no contexto. Um dia, creio eu, também será assim no Brasil. É questão de bom senso e boa vontade por parte das autoridades responsáveis pela educação em nosso país.
*Jornalista
Fonte: Jornal do Brasil
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