Aquecimento global vai estimular crescimento de insetos e
pragas, diz estudo
Uma consequência pouco estudada das mudanças climáticas é
que o aumento das temperaturas estimula o crescimento dos insetos e, portanto,
das pragas que devoram cultivos como o milho, arroz e trigo.
Por RFI
01/09/2018 08h30 Atualizado há 52 minutos
Pesquisadores da Universidade do Estado de Washington
concluem, em um estudo publicado nesta quinta-feira (30) na revista Science,
que a produção agrícola mundial verá seu rendimento reduzido por causa de uma
característica fisiológica universal dos insetos, a de que quanto mais calor
faz, mais comem.
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Além disso, nas regiões temperadas, o aumento das
temperaturas também fará com que os insetos se reproduzam mais rápido, com a
soma de ambos os efeitos.
"Haverá mais insetos e eles comerão mais", diz em
resumo à AFP Curtis Deutsch, um dos autores do estudo, professor de
oceanografia na Universidade de Washington.
Europa, Estados Unidos e China, grandes produtores de
cereais, serão mais afetados que os países em regiões tropicais como Brasil ou
Vietnã, onde os insetos já estão aproveitando ao máximo as condições
climáticas, disse.
Simulação de perdas
Avaliar as perdas agrícolas adicionais é um exercício
difícil, mas o pesquisadores o fizeram simulando o impacto de um aumento de 2°C
no metabolismo dos insetos e calculando o novo apetite. Isso não leva em conta
o uso adicional de pesticidas ou outras mudanças para prevenir esses estragos.
Uma espécie invasora se beneficiaria particularmente: o
pulgão russo do trigo. Esse inseto verde, de entre 1mm e 2mm, colonizou os
Estados Unidos na década de 1980 e atacou o trigo e a cevada.
Apenas exemplares fêmeas do inseto foram encontrados.
"Estes insetos nascem já gestando suas filhas, cada uma estando já grávida
de suas netas", disse à AFP Scott Merrill, especialista em insetos na
Universidade de Vermont.
O poder das fêmeas
Cada fêmea pode dar à luz oito filhotes por dia, que se
multiplicam por oito pelo número de netas."Imaginem o quão rápido a
população desses pulgões pode explodir", diz.
"Um ou dois pulgões podem dar à luz bilhões de insetos,
se as condições são ideais", acrescenta.
Até agora, o efeito do aquecimento global no desenvolvimento
das plantas era o principal foco de pesquisas. Deutsch espera que este trabalho
estimule mais cientistas a estudarem o efeito sobre os insetos em regiões
particulares.
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