Declaração de Bolsonaro foi feita a jornalistas após empresários cobrarem uma posição sobre os problemas climáticos
Jamil Chade
ENVIADO ESPECIAL / DAVOS COLABOROU GIOVANA GIRARDI
O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse ontem, em reunião com empresários, em Davos, que o País vai continuar no Acordo de Paris, o tratado assinado por 195 países para estabelecer esforços conjuntos para tentar conter o aumento da temperatura do planeta a menos de 2°C até o fim do século.
Ele deu a declaração após ser cobrado pelos empresários sobre o que pretendia fazer sobre o problema das mudanças climáticas. Além de falar que fica no acordo, disse que não vai aceitar ser acusado de responsabilidade pela degradação ambiental. Depois, a jornalistas, o presidente declarou apenas: “Por ora, será mantido”.
O Estado apurou no Itamaraty que deverão, porém, ser cobradas contrapartidas. Entre elas, a de que os países desenvolvidos cumpram a promessa de dar US$ 100 bilhões ao ano, a partir de 2020, para ajudar os países em desenvolvimento a fazer sua transição para uma economia de baixo carbono.
Na reunião com empresários, que tinha representantes da Nestlé, Arcelor Mittal, Embraer e de bancos internacionais, o presidente também foi questionado sobre a Amazônia e a situação dos povos indígenas. Segundo empresários presentes à reunião, Bolsonaro disse que o fato de haver mudanças no governo na área indígena não significa que os povos serão prejudicados. Em um dos primeiros atos do governo, a tarefa de demarcação de terras indígenas passou da Fundação Nacional do Índio (Funai) para o Ministério da Agricultura.
Mais cedo, após fazer seu discurso oficial, Bolsonaro deu, pela primeira vez, uma declaração no sentido de que vai trabalhar para combater as mudanças climáticas. “Nós pretendemos estar sintonizados com o mundo na busca da diminuição de CO2”, afirmou a Klaus Schwab, fundador do fórum.
A declaração chamou atenção porque até então a posição do novo governo em relação ao problema era bastante incerta. Depois de Bolsonaro ter dito diversas vezes que deixaria o acordo, o governo começou a dar sinais de que voltaria atrás, como informado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, mas sempre com condicionais.
No Brasil. Entidades ambientalistas receberam com ressalvas as declarações de Bolsonaro. “É a primeira vez que o presidente menciona luta contra a mudança climática de forma positiva, sem senões ou condicionantes”, disse Carlos Rittl, secretário executivo do Observatório do Clima.
O Greenpeace destacou que “ser o país com mais recursos naturais não significa ser o que melhor preserva o meio ambiente”. A ONG lembra que entre junho de 2017 e agosto de 2018 “o Brasil registrou o maior índice de desmatamento dos últimos 10 anos”.
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