quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Seleção natural e meio ambiente, artigo de Roberto Naime

Seleção natural e meio ambiente, artigo de Roberto Naime


artigo

[EcoDebate] Se compreende perfeitamente Charles Darwin, quando se estuda espécies muito bem-sucedidas e que conseguem se espalhar e sobreviver em eras que demandam muita habilidade e resistência. Com alguma assiduidade, os obstáculos ambientais interpostos são de natureza climática.

Esta aptidão evolutiva, mais do que demonstrar os preceitos darwinistas, reforça influências ambientais e climáticas sobre os processos civilizatórios. As influências climáticas certamente foram intervenientes nesta trajetória e criaram maiores facilidades ou então barreiras de dificuldades.
Fato que auxilia no desenvolvimento da capacidade de adaptação e estimula que os seres mais aptos obtivessem melhor desempenho na luta pela vida e pela sobrevivência e perpetuem seus caracteres genéticos. Não está se fazendo comparações indevidas com a época atual, mas não custa nada desenvolver reflexão.

É certo que se tende a uma situação dramática, que induza drásticas transformações autopoéiticas nos sistemas, ou então haverão adaptações e outras conformações inimagináveis. A filmografia hollywoodiana é que busca inspirações permanentes neste cenário.

A teoria da evolução manifesta que a vida na terra começou com a evolução da célula, a partir da qual se desenvolveram os organismos mais simples.

Conforme Márcia Oliveira de Paula estes organismos simples deram origem aos arranjos mais complexos. Segundo assertiva científica, todos os novos genes e novas informações surgiram por mutação e recombinação. As mutações ocorrem ao acaso. A maioria delas são deletérias, e produzem diminuição da adaptação dos organismos ao meio ambiente.

Mas novas combinações do material genético são formadas através da recombinação de genes. A seleção natural tende a eliminar as mutações que são deletérias ou randômicas e preserva as combinações disponíveis que são melhor adaptadas ao ambiente. Além de interferências climáticas, também tendem a se manifestar fatores biológico, associados a flora e fauna, e a facilidades vivenciais e disponibilidades de recursos.

Por influências ambientais, respostas a diferentes fatores e condicionantes podem produzir diferenças entre indivíduos, mas isso não ocorre devido a novos genes, mas sim devido à expressão de genes que já estavam presentes.

As mutações podem ser definidas como eventos que dão origem a alterações qualitativas ou quantitativas no material genético. Podem ser deficiências ou deleções, quando constituem a perda de uma porção maior ou menor do cromossomo, resultando na falta de um ou mais genes. Duplicação, que são o produto da presença de uma porção extra de cromossomo, resultando na repetição de um ou mais genes. Inversão, que ocorrem quando, num determinado segmento de cromossomo, houver duas fraturas, seguidas da subsequente soldadura do fragmento mediano, colocado em posição invertida. E translocação que ocorre quando os fragmentos de um cromossomo são transferidos para outro cromossomo não homólogo.

O fenômeno da mutação é uma variável relevante do modelo evolucionista. É preciso pressupor algum mecanismo capaz de produzir o processo ascendente induzido, em termos de complexidade, o que caracteriza o modelo em sua dimensão mais ampla. E as mutações, quando associada às condicionantes do meio ambiente, são este mecanismo.

As mutações são feitas ao acaso, e não dirigidas. Não existe controle das mutações, para fazer com que elas produzam as características que possam ser necessárias. A seleção natural precisa simplesmente potencializar resultados satisfatórios. É possível afirmar que isto opera muito bem na natureza para felicidade da memória de Charles Darwin, que não propôs nada ao acaso e sim depois de muita observação.

As mutações são raras e a frequência estimada da maioria das mutações nos organismos é de uma em dez mil a uma em um milhão por gene por geração. A maioria das mutações é deletéria e recessiva. Mudanças casuais em qualquer sistema complexo integrado, tendem a gerar perturbação no arranjo.
Recombinação é a mistura de genes que ocorre, para formação dos gametas. Essa recombinação é responsável pela singularidade de cada indivíduo de uma mesma espécie. A probabilidade de que dois indivíduos da mesma irmandade sejam iguais é praticamente zero.

Segundo a teoria da evolução, a mudança começa com quando material genético fornecido por mutações casuais e recombinação. A seleção natural é o processo chave que age sobre a casualidade da mutação e seleciona as características apropriadas para melhorar a adaptação dos organismos.
A maioria das mutações é deletéria, mas a seleção natural é efetiva em eliminar as mutações mais destrutivas e preservar as benéficas. São observados então que os efeitos resultantes são satisfatórios, melhorando a adaptação ao ambiente, e levando à produção de novos genes, novas adaptações e mesmo novos sistemas de órgãos.

Como se observa da dissertação, mutação e seleção natural, mais do que quaisquer outros mecanismos, são fatores que podem gerar diversidade em populações naturais, levando provavelmente, aliadas a outros fatores, à formação de novas raças e espécies o que enseja mudança genética limitada. E ambos os procedimentos são profundamente interativos com as condições ambientais.

Mutação e seleção natural podem modificar informações, mas elas não podem criar novas informações. Estes fatores nunca poderiam levar a um aumento de complexidade, indispensável para a teoria da evolução. Complexa é a vida e caleidoscópico e multifatorial é o meio ambiente.
Perorar por um pouco de humildade em situações como transgenia não é nenhum exagero ou obstrução ao desenvolvimento.


Dr. Roberto Naime, Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em Geologia Ambiental. Integrante do corpo Docente do Mestrado e Doutorado em Qualidade Ambiental da Universidade Feevale.
Sugestão de leitura: Civilização Instantânea ou Felicidade Efervescente numa Gôndola ou na Tela de um Tablet [EBook Kindle], por Roberto Naime, na Amazon.


Referências:
BRAND, L. R. & GIBSON, J. An interventionist theory of natural selection and biological change within limits. Origins, 2: 60 – 82, 1993.
CARVALHO, H.C. Fundamentos de Genética e Evolução. 3a ed. Rio de Janeiro, Livraria Atheneu, 1987. 556 p.
GARDNER, E. J., SIMMONS, M. J. & SNUSTAD, D. P. Principles of Genetics. 8a ed. New York, John Wiley & Sons, 1991. 649 p.
MARSH, F. L. Variação e fixidez entre os seres vivos – um novo princípio biológico. Folha Criacionista, 21: 17 – 24, 1979.
MORRIS, H. M. O enigma das origens: a resposta. Belo Horizonte, Editora Origens, 1995. 265 p.
SALLISBURY, F. B. Doubts about the Modern Synthetic Theory of Evolution. American Biology Teacher, setembro de 1971, p. 338.
WEBSTER, C. L. A scientist’s perspective on creation and the flood. Loma linda, Geoscience Research Institute, 1995. 28 p.
http://origins.swau.edu/papers/evol/marcia3/defaultp.html

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/01/2019

"Seleção natural e meio ambiente, artigo de Roberto Naime," in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 24/01/2019, https://www.ecodebate.com.br/2019/01/24/selecao-natural-e-meio-ambiente-artigo-de-roberto-naime/.

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