Hoje, dia 8 de junho, é comemorado o Dia Mundial dos Oceanos. Os oceanos nos alimentam, sustentam boa parte da atividade econômica no mundo, fornecem boa parte do ar que respiramos e ajudam a regular o clima. Se nada mudar, os oceanos seguem um caminho que leva a um colapso total do ecossistema. Antes silencioso, os oceanos agora nos mandam um sinal alto e claro: ou mudamos ou não teremos mais seus benefícios.
Diversas atividades, em todo o mundo, estão acontecendo neste exato momento, e de forma insustentável. Isso nos chama a atenção para o fato de que estamos perdendo o prazo para mudar a forma como nos relacionamos com os oceanos: de um ambiente onde nós pegamos o que queremos e despejamos o que não queremos, para o de cuidado especial com um recurso compartilhado e de valor inestimável.
Os benefícios dos oceanos para a nossa vida são evidentes. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que a pesca e a aquicultura juntas asseguram a subsistência de 10 a 12% da população mundial, e que quase 200 milhões de pessoas dependem dos recifes de corais para protegê-los de tempestades e ondas.
Ocupando, 71% da superfície da terra, sendo que mais da metade deste enorme território tem mais de 3.000 metros de profundidade, os oceanos abrigam espécies ainda desconhecidas pela Ciência. Além disso, os oceanos absorvem gás carbônico e ajudam a minimizar o aquecimento global.
Impactos
A humanidade é tão dependente dos oceanos e, mesmo assim, estamos muito próximos de esgotarmos totalmente a capacidade de regeneração desse ecossistema. Temos impactado negativamente os oceanos em três principais frentes: Aquecimento Global, Poluição e Sobrepesca.
Já perdemos metade dos nossos recifes de coral e grande parte dos manguezais - alguns dos habitats mais produtivos da Terra - principalmente por conta do aquecimento global que altera a acidez da água.
Cerca de 80% dos recursos pesqueiros estão sobrepescados, ou seja, capturados em uma taxa superior à sua capacidade de reprodução natural. Essa pesca desenfreada resulta no declínio populacional das espécies, incluindo aves marinhas, tartarugas, golfinhos e baleias, além de ameaçar a segurança alimentar de milhões de pessoas.
Segundo o Relatório Planeta Vivo 2018, publicado pela Rede WWF, se as tendências atuais continuarem, até 90% dos recifes de corais do mundo poderão desaparecer até a metade do século, prejudicando economias locais e expondo milhares de pessoas à eventos climáticos extremos. As implicações dessas mudanças para o planeta e toda a humanidade são vastas e incalculáveis.
A poluição, por vazamento de plásticos, agrotóxicos e químicos, afeta diretamente a toda a cadeia alimentar, prejudicando até mesmo a nossa alimentação com índices cada vez maiores de químicos, metais pesados e microplásticos encontrados em pescados consumidos por humanos.
Os registros de espécies marinhas encontradas mortas com plástico no sistema digestivo são muitos e espalhados no mundo todo. Estima-se que 90% de todas as aves marinhas já estejam contaminadas com microplásticos.
O volume de vazamento de plástico nos oceanos é estimado em mais de 8 milhões de toneladas de lixo plástico ao ano. No começo de maio, o cientista Victor Vescovo encontrou saco plástico, embalagens doces e resíduos plásticos durante um mergulho a 10.927 metros de profundidade, na Fossa das Marianas, durante o mergulho mais profundo já realizado na história da humanidade. Com essa revelação, não resta parte alguma dos mares e oceanos que não tenha sido impactada por atividades humanas.
Segundo o estudo “Reviving the Oceans Economy: The Case for Action”, publicado pela Rede WWF em 2016, o valor dos oceanos é estimado em US$ 25 trilhões. Por outro lado, segundo um outro estudo público no Boletim da Poluição Marinha (Marine Pollution Bulletin – maio de 2019), o prejuízo causado pela poluição plástica ultrapassa os US$ 2,5 trilhões (superior ao PIB do Brasil que fechou 2018 com US$ 1,8 trilhão).
Temos um oceano de possibilidades e oportunidades que não temos aproveitado devidamente. Ainda estamos presos na relação: pegamos o que queremos e deixamos o que desprezamos. Essa conta não fecha.
Soluções
O WWF tem trabalhado diretamente com comunidades de pescadores até tomadores de decisão, incluindo chefes de estado, para criar uma onda de apoio aos nossos oceanos e mudar a trajetória de degradação. Nosso objetivo é criar um ambiente de suporte às atividades que tornem o ambiente marinho saudável.
Atuamos diretamente na proteção e restauração de ambientes costeiros, como recifes de corais, manguezais e áreas de proteção marinhas. E temos feito um enorme esforço global para acabar com a poluição plástica, concentrando-se nas principais indústrias e grandes cidades. Pedimos que os governos firmem um tratado internacional juridicamente vinculativo para acabar com a poluição plástica despejada nos oceanos.
Em setembro, durante a assembleia geral das Nações Unidades, iremos apresentar um grande abaixo assinado pedindo o fim da poluição plástica. Você pode participar acessando plastico.wwf.org.br, já estamos com mais de 400.000 assinaturas em todo o mundo.
Lançamos recentemente o Guia de Consumo Responsável de Pescado Brasil, com diversas informações sobre quais as espécies de peixe são as mais indicadas para consumo no Brasil.
A mudança começa com simples atos diários, como a escolha de um pescado e dizer não para um canudo plástico.
O momento é de unirmos forças para reverter esta curva de degradação é agora. Se perdemos esta oportunidade os prejuízos econômicos e sociais serão irreversíveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário