Na véspera da abertura da COP 25, Guterres alerta que “guerra contra a natureza deve parar”
BR
1 dezembro 2019
Secretário-geral
cita progressos na questão climática, mas diz que “falta vontade
política”; últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados;
Conferência da ONU sobre o Clima inicia nesta segunda-feira em Madri, na
Espanha.
Falando a jornalistas em Madri, na Espanha, um dia antes da abertura da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima, COP 25,
o secretário-geral disse que “por muitas décadas, a espécie humana tem
estado em guerra com o planeta” e que agora, “o planeta está
revidando.”
António Guterres mencionou dados de um novo relatório sobre o estado do clima produzido pela Organização Mundial de Meteorologia, OMM, e que será divulgado durante a conferência. Ele destacou que de acordo com o estudo, “os últimos cinco anos foram os mais quentes já registrados” e o “o nível do mar é o mais alto da história da humanidade.”
Biodiversidade
O chefe da ONU apontou que “a biodiversidade na terra e no mar está sob ataque severo” e que “desastres naturais relacionados ao clima estão se tornando mais frequentes, mais mortais, mais destrutivos, com crescentes custos humanos e financeiros.”Guterres explicou que uma das dimensões da COP 25 é relacionada às negociações entre os Estados-membros para a aprovação das linhas de diretrizes do artigo seis do Acordo de Paris. Mas para ele, o grande objetivo da conferência é outro.
"Nós vemos as tecnologias avançar numa boa direção, vemos as cidades. Vemos muitas empresas. O setor financeiro cada vez mais atento a ação climática. Mas falta vontade política. E os principais países emissores, embora tivéssemos tido 70 países em Nova Iorque, a concordar e a compromete-se com a neutralidade de carbono até 2050, os principais países emissores ainda não o fizeram. E se não fizerem, os nossos objetivos não são alcançáveis. Há portanto aqui, uma necessidade de aumentar a ambição. Uma necessidade de aumentar a responsabilidade coletiva e a COP 25 é uma oportunidade excelente para que essa responsabilidade possa ser exercida.”
Crise
António Guterres acrescentou que “as mudanças climáticas não são mais um problema de longo prazo” e que o mundo está “diante de uma crise climática global.” Ele destacou que “o ponto de não retorno não está mais no horizonte” e que este “está à vista e avançando”.No entanto, o chefe da ONU disse que a mensagem dele “é de esperança, não de desespero”.
Guterres disse que a “guerra contra a natureza deve parar” e que todos sabem “que isso é possível”.
Para isso, o secretário-geral diz que é preciso vontade política para colocar um preço no carbono, para interromper os subsídios aos combustíveis fósseis, parar de construir usinas de carvão a partir de 2020 e mudar a tributação da renda para a poluição do carbono.
Guterres disse que espera que a COP 25 seja uma “demonstração clara de maior ambição e comprometimento, mostrando responsabilidade e liderança.” Para ele, o mundo está num “buraco profundo” e cavando ainda mais e em breve, este buraco “será muito profundo para escapar.”
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