“Dia do Fogo” foi promovido por grupo no whatsapp chamado “SERTÃO”
Sabrina Rodriguesterça-feira, 27 agosto 2019 17:48
O “Dia do Fogo”, que provocou queimadas nas região da BR 163, entre Novo Progresso e Altamira, saiu de um grupo do Whatsapp chamado “Jornal A Voz da Verdade”, segundo apuração da Revista Globo Rural. O grupo teria contratado motoqueiros e motosserras para desmatar e espalhar fogo até chegar na Floresta Nacional do Jamanxim, em Novo Progresso, no Pará, no dia 10 de agosto.
O “Jornal A Voz da Verdade” tinha um total de 246 membros, sendo que 70 deles estavam de acordo com os planos de promover um dia de queimadas, então formaram outro grupo chamado “SERTÃO”, criado pelo comerciante Ricardo de Nadai.
Os motoqueiros contratados pelo grupo circularam pelos distritos que ficam às margens da BR-163 ateando fogo no capim seco dos acostamentos. Ainda segundo a reportagem da revista Globo Rural, tudo foi combinado com muita antecedência pelo grupo SERTÃO, peões foram trazidos de outras regiões da Amazônia e do Nordeste para o “serviço”. Pistas clandestinas de pouso foram construídas no meio da mata para desembarcar pessoas.
Governo foi avisado sobre “dia do fogo”
O promotor Gustavo de Queiroz Zenaide, do Ministério Público do Pará (MPF-PA), enviou um ofício ao Ibama alertando que produtores rurais planejavam realizar uma queimada no município de Novo Progresso no dia 10 de agosto. O ofício foi protocolado pelo Ibama de Santarém no dia 08 de agosto.
No dia 10 de agosto, quando as motosserras começaram a cantar na BR 163, e o fogo iniciado propositalmente na mata seca, servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) solicitaram apoio da Força Nacional de Segurança (FNS) para conter a manifestação de produtores rurais em Novo Progresso, mas que o apoio foi negado pelo ministro da Justiça, Sergio Moro.
“O Moro sabia. A gente sempre precisa de segurança nas operações de combate aos desmatamentos e queimadas”, disse um fiscal à agência Amazônia Real.
No programa Roda Viva da TV Cultura de segunda-feira (26), o ministro Ricardo Salles reconheceu que a Força Nacional foi avisada sobre o “Dia do Fogo”.
“(…) Como é que você faz numa situação em que há um relato de um possível fato (se foi três dias antes), como faz para controlar isso em caráter preventivo? Fazendo o que o Ibama fez, comunicando as autoridades para que ficassem atentos e o próprio Ibama por outro lado atento também”, disse.
Grupo Especializado de Fiscalização do Ibama não foi a campo
Ainda no Roda Viva, ao ser questionado pela jornalista Giovana Girardi, do jornal O Estado de São Paulo, do porquê do Grupo Especializado de Fiscalização do Ibama (GEF) não ter sido acionado, o ministro afirmou que o grupo é composto de apenas 13 pessoas, que além de suas atribuições no grupo especial, também atuava em outros estados. Mas, logo em seguida foi confrontado pela repórter de que o GEF não foi requisitado uma única vez este ano. Das 5 operações previstas para 2019, nenhuma ocorreu. Salles desconversou ao dizer que não trata diretamente de operações de fiscalização.
“O que eu posso te dizer sem erro é que não havia nenhuma determinação nossa, como de fato não há, para não fazer qualquer operação de fiscalização ou atenuar o rigor da lei. Não há nenhuma determinação neste sentido, nós não mudamos nenhum regramento, nenhuma norma, nada. Então, o que eu posso dizer é que da nossa parte não há nenhuma medida que possa ser imputada neste sentido”.
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