quinta-feira, 12 de março de 2020

Como as araras voltaram aos céus de uma ilha da América Central

Como as araras voltaram aos céus de uma ilha da América Central


Se você disser a palavra arara, muitas pessoas pensarão na imagem de um pássaro tricolor com um grande bico cinzento.

Mas, apesar de serem facilmente reconhecíveis, essas aves se tornaram extremamente raras na vida selvagem.

Um deles é a arara vermelha, que se divide em duas principais populações. Uma está confinada à América do Sul. A outra está na América Central e é conhecida como Ara macao cyanoptera. A subespécie encontrada em México, Guatemala e Belize está ameaçada de extinção, e estima-se que apenas 300 ou 400 araras ainda restem em seu ambiente nativo.
Os pássaros são vítimas de um coquetel letal de perda de habitat e comércio ilegal de animais. Um homem, porém, pode estar prestes a mudar tudo isso. Fernando Martinez é veterinário e diretor da ONG Arcas, que mantém um centro de proteção e resgate de animais silvestres.
Martinez é também o coordenador de um programa pioneiro de reprodução da arara vermelha que teve início em 1994, com filhotes recuperados do comércio ilegal. Dez anos depois, o primeiro filhote nasceu em cativeiro.

Seu objetivo maior, obviamente, é aumentar a população de araras com os pássaros nascidos em cativeiro. Em outubro de 2015, esse projeto finalmente se tornou realidade, quando nove “formandos”, com idades entre 5 e 10 anos, foram soltos no Parque Nacional de Sierra Lacandón, na Guatemala.


Foi a primeira vez que as aves foram reintroduzidas na Guatemala e apenas isso já fez com que a população das araras crescesse em 5%. Falando à BBC Earth, Martinez explicou a significância do momento. “Ao vê-las voltar para o lugar a que pertenceram, voando livremente por causa do nosso trabalho, senti-me como se tivéssemos cumprido uma missão. Eu poderia ter me aposentado porque meu sonho se tornou realidade. Mas o sonho cresceu e quero vê-lo realizado mais uma vez”.
Cinco pássaros receberam transmissores para monitorar sua adaptação à vida selvagem e, sete meses mais tarde, as notícias são boas. Dados de suas tornozeleiras mostram que as araras tiveram uma taxa de sobrevivência de 60%.

As que resistiram aos primeiros meses agora são vistas viajando regularmente distâncias de mais de 7 km, cruzando a fronteira da Guatemala com o México. E as aves nascidas em cativeiro se integraram perfeitamente às colegas vivendo em liberdade.

Entusiasmada pelo sucesso da primeira “libertação”, a equipe de Martinez agora planeja uma segunda etapa. Se obtiver financiamento para cinco novos transmissores, dez novos pássaros serão libertados em setembro, para ajudar a trazer de volta suas cores aos céus da América Central.

Nenhum comentário: