terça-feira, 4 de agosto de 2020

Queimadas na Amazônia: Recordes de focos de calor em julho Notícia


Queimadas na Amazônia: Recordes de focos de calor em julho


Amazônia: Com falta de fiscalização e inteligência no combate aos danos ambientais, queimadas em Terras Indígenas registraram aumento de 76%

Por Rebecca Cesar*

Desmatamento e Queimadas na Amazônia
Monitoramento de Desmatamento e Queimadas na Amazônia em Julho de 2020 – 
Foco de calor direto em floresta, próximo a área recém desmatada, com alerta Deter, 
em Alta Floresta (MT). Todos os anos, o Greenpeace Brasil realiza uma série de 
sobrevoos de monitoramento para registrar o avanço do desmatamento e das 
queimadas na Amazônia. Em julho de 2020, monitoramos pontos com alertas 
do Deter e de pontos de calor, do Inpe, nos estados do Pará e Mato Grosso. 
Imagem: © Christian Braga / Greenpeace

No dia 30 de julho, a Amazônia registrou mais um triste recorde: 1.007 focos de calor em um único dia. Esse é o número mais alto registrado no mês de julho desde 2005. Neste mesmo dia, no ano passado, foram 406 focos. Agora, dados consolidados de julho mostram um aumento expressivo nos focos de calor.

“O fato de ter mais de mil focos de calor em um único dia, recorde dos últimos 15 anos para o mês de julho, mostra que a estratégia do governo de fazer operações midiáticas não é eficaz no chão da floresta. Somente em julho, foram registrados 6.804 focos de calor na Amazônia, um aumento de 21,8% quando comparado ao mesmo mês do ano passado. A moratória, que proíbe no papel as queimadas, não funciona se não houver também uma resposta no campo, com mais fiscalizações.

Afinal, criminoso não é conhecido por seguir leis. Assim como a GLO aplicada sem estratégia e sem conhecimento de como se combate as queimadas, também não traz os resultados que a Amazônia precisa”, comenta Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace.

Um levantamento feito pelo Greenpeace Brasil aponta que dos focos de calor registrados em julho, 539 foram dentro de Terras Indígenas, um aumento de 76,72% em relação ao ano passado, quando foram mapeados 305 focos. Além disso, 1.018 atingiram Unidades de Conservação, um aumento de 49,92% em relação ao mesmo período do ano passado.

“O desmatamento precisa ser combatido durante todo o ano, principalmente considerando que as queimadas na Amazônia não são resultado de um fenômeno natural, mas da ação humana. O fogo é uma das principais ferramentas utilizadas para o desmatamento, especialmente por grileiros e agricultores, que o usam para limpar áreas para uso agropecuária ou especulação. A prática se tornou ainda mais comum com a falta de fiscalização e o desmantelamento dos órgãos ambientais. Estamos observando uma tendência de alta nas queimadas neste ano. Além da ameaça do coronavírus, com a temporada de fogo, os povos indígenas estarão ainda mais vulneráveis, pois a fumaça e a fuligem das queimadas prejudicam ainda mais sua saúde”, completa Rômulo.

Acesse imagens de queimadas da Amazônia em 2020 aqui

* Com Greenpeace

in EcoDebate, ISSN 2446-9394, 03/08/2020

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