Polvos sentem dor não apenas física, mas emocional, sugere novo estudo
O polvo é uma das criaturas marinhas mais enigmáticas e fascinantes. Esses animais são considerados por biólogos como os invertebrados com o sistema nervoso mais complexo do planeta. E um novo estudo científico sugere algo ainda mais surpreendente sobre os polvos: eles podem sentir não somente dores físicas, mas também, emocionais.
A descoberta, feita pelo neurobiólogo Robyn Crook, da San Francisco State University, foi divulgada em um artigo científico recente na revista iScience.
“Ao contrário da nocicepção, que é uma resposta (reflexo) simples, a dor é um estado emocional complexo que engloba angústia e sofrimento e geralmente exige um sistema nervoso altamente complexo”, explica o pesquisador.
De acordo com as observações feitas por Crook durante sua análise, os polvos, assim como animais vertebrados, exibem comportamentos cognitivos e espontâneos indicativos de experiência de dor afetiva.
Nos testes realizados em laboratório, o cientista usou os mesmos métodos empregados com roedores para demonstrar a associação entre a dor e a atividade neural – a injestão de algumas substâncias na pele desses animais.
“Embora uma série de estudos anteriores em cefalópodes e outros invertebrados tenham mostrado que eles podem aprender a evitar uma situação que irá causar dor, aqui, os polvos foram capazes de aprender a evitar um local visualmente específico que foi explicitamente desvinculado no tempo e no espaço do procedimento de injeção que iniciou a ativação do nociceptor”, destaca.
A revelação feita por Robyn Crook me faz lembrar de um dos documentários mais lindos que vi até hoje. Chama-se “My Octopus Teacher”, traduzido para “Professor Polvo”, em português, que está disponível no Netflix. O filme mostra a amizade inacreditável que ocorre entre um mergulhador e fotojornalista e … um polvo!
Se você ainda não assistiu, assista! É emocionante e comovente. Mais uma prova de como os polvos são animais extraordinários, assim como tantos outros seres da natureza e o que nos falta, como seres humanos, muitas vezes, é simplesmente ter um olhar mais atento ao nosso redor.
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Foto: Qijin Xu on unsplash
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