“Rompendo Barreiras”: documentário com David Attenborough e brasileiro Carlos Nobre faz alerta sobre os limites do planeta
Para alguns dos maiores cientistas do mundo, não há dúvida de uma das descobertas mais importantes do nosso tempo é que a humanidade está empurrando a Terra para além das fronteiras que têm mantido o planeta estável desde o início da civilização, há 10 mil anos. Durante todo o período chamado de Holoceno, a estabilidade da temperatura terrestre permitiu que o mundo se tornasse o que conhecemos até agora. Mas em cerca de 50 anos, as atividades humanas, sobretudo, a agricultura, a pecuária e a pesca, colocaram esse equilíbrio em risco e os sistemas que regulam o clima. Foi o fim do Holoceno e o começo do perigoso Antropoceno.
Sabemos hoje que com o atual estilo de vida do ser humano e as emissões de carbono em ritmo acelerado, será impossível ter uma sobrevivência sustentável nas próximas décadas se nada for feito para mudar a atual trajetória em que nos encontramos. Cada vez mais os efeitos da crise climática serão letais sobre milhões de pessoas, sobretudo, os mais vulneráveis.
Em um novo alerta sobre este que é considerado um dos mais difíceis desafios da atualidade, o documentário da Netflix, “Breaking Boundaries: The Science of Our Planet”, ou “Rompendo Barreiras: A Ciência do Nosso Planeta”, na tradução para o português, mostra quais são os limites que já foram ultrapassados e os que estão no chamado ponto de inflexão, ou seja, numa posição praticamente irreversível, e que podem comprometer não apenas a estabilidade de nosso planeta, mas o futuro da humanidade.
O documentário tem como personagem principal o renomado cientista sueco Johan Rockström, que através de muitas pesquisas e estudos, definiu quais seriam esses limites, nove no total. E quatro deles já foram superados: a mudança no clima, redução de florestas, perda da biodiversidade e alteração dos nutrientes nos cursos de água.
“Rompendo Barreiras”, com duração de 75 minutos, tem a narração e apresentação do naturalista britânico David Attenborough. Além disso, conta com o depoimento de alguns dos mais respeitados cientistas do mundo em suas áreas, como por exemplo, do brasileiro Carlos Nobre, que fala sobre o desmatamento da Amazônia e o risco da maior floresta tropical do mundo se tornar uma grande savana.
“Será que estamos preocupados em combater a crise climática? A janela ainda está aberta para termos um futuro para a humanidade”, diz Nobre.
Em alguns momentos, o documentário revela a emoção e a tristeza desses pesquisadores, que diante dos próprios olhos, presenciam tragédias como o branqueamento dos corais na Grande Barreira, na Austrália, ou a morte de milhares de animais por incêndios florestais, também no mesmo continente.
“A ciência é clara e falamos isso há mais de 30 anos. Mas ainda não estamos indo na direção correta. Eu não fico deprimido. Eu fico com raiva”, diz Rockström. “Isto é sobre nós. Sobre o nosso futuro”.
Imperdível. O futuro está em nossas mãos. Assista e compartilhe:
Leia também:
‘Amazônia 4.0’, baseado em projeto de Carlos Nobre, vence prêmio de melhor documentário em festival europeu
O climatologista Carlos Nobre e o físico Ricardo Galvão recebem prêmio internacional de ciência
“O Jardim do Éden não existe mais”, diz naturalista David Attenborough, sobre impacto do homem no planeta
“O colapso de nossa civilização e a extinção de grande parte do mundo natural despontam no horizonte”, alerta David Attenborough
“Ela conseguiu fazer o que muitos de nós tentamos e não conseguimos nos últimos 20 anos”, diz naturalista britânico sobre Greta Thunberg
Foto: divulgação Netflix
Nenhum comentário:
Postar um comentário