NOTA DO GCB SOBRE A FLORESTA NACIONAL DE BRASÍLIA

 NOTA DO GCB SOBRE A FLORESTA NACIONAL DE BRASÍLIA

1. A Floresta Nacional de Brasília (Flona), com seus 9.346 hectares, divididos em quatro glebas é uma das principaisUnidades de Conservação do DF, responsável pela proteção de grande parte das nascentes formadoras da Bacia do Rio Descobertoe, portanto, de importância estratégica para o abastecimento de água do DF.

2. A Flona foi criada a partir da demanda da sociedade civil organizada, por meio de Ação Civil Pública impetrada pelo Fórum de ONGs Ambientalistas do DF, e pela manifestação de diversas ONGs e movimentos que atuam na área ambiental.

3. Conforme seu plano de manejo, a Flona compreende território rico em termos da fauna e flora representativas do Cerradodo Planalto Central, possui relevante potencial com espaço de visitação, educação ambiental e manejo florestal sustentável, sendolocal de registro frequente de espécies da fauna do Cerrado ameaçadas de extinção. Ao mesmo tempo é indutora de projetos deagricultura sustentável pelo território circunvizinho.

4. Destaca-se, que a Flona é também, uma das unidades de conservação inseridas na Zona de Transição da Reserva daBiosfera do Cerrado, Patrimônio da Humanidade pela Organização para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

5. Possui potencial para a prática de esportes em ambiente natural, como se observa na gleba I da Flona, em virtude dovaloroso trabalho comunitário da sociedade na construção dos Caminhos da Flona, do Circuito Flona de mountain bike e de diversos outros espaços de lazer, educação ambiental e convivência. E assim, consolida-se como uma das principais Unidades de Conservação do ICMBio em nível nacional.

6. A Flona I recebe mensalmente milhares de ciclistas, caminhantes e corredores, bem como estudantes, observadores de aves, pesquisadores e outros visitantes, sendo, inclusive, um dos pilares dos Caminhos do Planalto Central, projeto de TrilhasEcológicas do DF. Inclusive, com o maior circuito de montain bike dentro do UC no Brasil.

7. Gostaríamos de registrar a especial preocupação do Grupo de Caminhadas de Brasília, haja vista o esforço empreendidona concepção e construção dos Caminhos da Flona. Em maio de 2017 o GCB foi convidado pelo ICMBio para pensar um complexode trilhas dentro da Flona. Desde então, o Grupo estudou os mapas e o Plano de Manejo da Unidade, fez desenhos, participou de treinamentos e reuniões com o ICMBio e apresentou o Projeto dos Caminhos da Flona.

8. Com o plano dos percursos e da sinalização e o envolvimento de muitos amigos e voluntários, o GCB foi a campo paraconstruir, sinalizar, instalar placas e totens. Tudo organizado de forma participativa, avaliado a cada dia e com o acompanhamento de técnicos do ICMBio. Registramos 89 (oitenta e nove) dias de trabalho na construção das trilhas, em reuniões e cursos. Foram mais de 4.500 (quatro mil e quinhentas) horas de trabalho voluntário. O Projeto contou com a colaboração de 113 (cento e treze)pessoas. As doações de caráter voluntário somaram R$ 2.651,00 (dois mil, seiscentos e cinquenta e um reais) para a aquisição de tintas, pincéis, verniz, gasolina, e outros itens, além da compra do perfurador de solo do GCB para este e outros projetos.

9. Frente à relevância da Flona para todo o DF e seu Entorno e à expectativa de sua conservação representada pela participação de diversos movimentos na construção de seus sistemas de trilhas, pedimos uma maior atenção e cuidado por parte do ICMBio, como responsável pela Unidade, como do Governo do Distrito Federal (GDF) e seus órgãos ambientais.

10. Nesse cenário e considerando as denúncias acerca da retirada irregular de madeira da FLONA, entendemos como necessárias as seguintes providências:

I - imediatamente, a retomada do funcionamento do Conselho Consultivo da Unidade para que a comunidade possa participar efetivamente dos esforços de proteção e manejo sustentável.

II - aos órgãos responsáveis, ICMBio, Ministério Público e de Segurança Pública, o máximo de atenção na apuração da grave denúncia de possível extração ilegal de árvores da Flona IV.

III - à Câmara Legislativa, que no seu papel fiscalizador, por meio da Comissão de Meio Ambiente, também acompanhe asituação relatada.

IV - à UNESCO, como responsável pelo acompanhamento dos Patrimônios da Humanidade, que se manifeste quanto à situaçãoda Flona de Brasília.

Por fim, considerando a exitosa experiência da criação dos sistema de trilha da Flona I, com impacto na proteção da unidade e consolidação como espaço de visitação sustentável, defendemos a estruturação de sistema de trilha semelhante para caminhantese ciclistas na Flona IV, para o qual, o GCB se coloca à disposição para colaborar.

E que a unidade também seja fiscalizada, sinalizada e provida por equipamentos e serviços para visitação, educação ambiental e uso público, em parceria com Universidades, Escolas, ONGs e a Sociedade Civil.

Brasília DF, 07/julho/2021.