Em Londres, crianças entregam petição com mais de 100 mil assinaturas para que Família Real restaure florestas
A Família Real britânica, de quem a Rainha Elizabeth é a principal representante, é a maior proprietária de terras do Reino Unido. Estima-se que ela seja a dona de nada menos do que 300 mil hectares, incluindo aquelas que pertencem à coroa, o que equivale ao dobro da área da Grande Londres. E num ranking global que analisa os lugares do mundo que possuem mais ecossistemas intactos, o Reino Unido aparece numa posição nada boa, no 189o lugar. A poucas semanas da realização da Conferência das Nações Unidas para o Clima, a COP-26, em Glasgow, na Escócia, a monarquia se vê pressionada a dar um exemplo melhor de conservação e principalmente, restauração do meio ambiente.
No final de semana, centenas de crianças fizeram uma passeata no centro de Londres até os portões do Palácio de Buckingham, onde a Rainha Elizabeth mora, para entregar uma petição com mais de 100 mil assinaturas pedindo para que a Família Real promova o reflorestamento de suas terras.
“É uma grande quantidade de terra. E grande parte dela não está no que eu chamaria de boas condições ecológicas”, disse Chris Packham, ambientalista e famoso apresentador inglês de programas de televisão, que acompanhou as crianças durante a manifestação, promovida pela organização não-governamental Wild Card.
A manifestação em frente ao Palácio de Buckingham, em Londres
Em junho, 120 cientistas, pesquisadores, jornalistas, esportistas, escritores e celebridades já tinham enviado uma carta endereçada à Rainha Elizabeth e também os príncipes Charles e William, os futuros herdeiros do trono britânico, demonstrando preocupação sobre a situação.
“Enquanto a Grã-Bretanha se prepara para receber líderes mundiais para a COP26 em Glasgow, a escassez ecológica de nosso país esvazia nossas reivindicações de liderança ambiental global, ao mesmo tempo que mina o moral e o bem-estar de seus cidadãos”, dizia o texto.
De acordo com os signatários da carta, a Família Real tem dever moral para servir de exemplo. “Acreditamos que essa seja uma oportunidade única e histórica de transformar radicalmente o estado de degradação da natureza. Assumir um compromisso público de restaurar a biodiversidade das propriedades reais por meio do reflorestamento enviaria um sinal de que um novo capítulo começou: um capítulo em que a natureza é honrada e valorizada, em vez de erodida e explorada… comprometer-se publicamente com a ideia de enriquecimento da biodiversidade, como um primeiro princípio de gestão de longo prazo da terra em todas as suas propriedades, seria inovador e revolucionário. Outros, sem dúvida, os seguiriam”.
A cobertura florestal das terras da Família Real é menor do que a média de outras áreas verdes do Reino Unido.
“Este é um momento de ação. O tempo para conversar acabou. Estamos em apuros desesperados e se eles adotassem isso antes da COP-26, pense que mensagem isso enviaria ao mundo. Eles estão em uma posição muito poderosa para fazer algo muito poderoso. Acho que é hora de avançar”, ressaltou Packham.
Menininha que fez parte do protesto na Inglaterra: “Recupere as terras reais”
Em nota, um porta-voz do Royal Estates afirmou que “Os membros da Família Real têm um compromisso de longa data com a conservação e a biodiversidade e, por mais de 50 anos, defendem a preservação e o desenvolvimento dos ecossistemas naturais. As propriedades reais estão em constante evolução e procuram novas maneiras de continuar a melhorar a biodiversidade, a conservação e o acesso público aos espaços verdes, além de abrigar comunidades e negócios prósperos que fazem parte da estrutura da comunidade local”.
Ou seja, uma resposta padrão. Sem mudanças no horizonte. Infelizmente.
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