Mesmo sob protestos, governo Biden aprova projeto bilionário de exploração de gás e petróleo no Alasca
Nas últimas semanas as mobilizações de protesto cresceram e tomaram conta, inclusive, do TikTok, com a hashtag #stopwillow. Mais de um milhão de cartas foram enviadas à Casa Branca e uma petição na plataforma Change.org já possui mais de 4,5 millhões de assinaturas. Mas de nada adiantou. Ontem (13/03) o governo do presidente americano Joe Biden confirmou a aprovação do projeto bilionário de exploração de gás e petróleo que será conduzido pela multinacional ConocoPhillips no Alasca.
O projeto Willow de perfuração na Reserva Nacional de Petróleo, no Ártico, que pertence ao governo dos Estados Unidos, deve gerar entre U$ 8 e U$ 17 bilhões de lucros e promete reduzir a dependência do país nas importações. Estima-se que tenha o potencial de extração de quase 600 milhões de barris de petróleo ao longo de três décadas – 130 mil por dia -, todavia, isso ainda levaria anos já que a construção da estrutura nem existe ainda.
O ex-presidente Donald Trump também já tinha dado o sinal positivo para o empreendimento. Mas uma decisão judicial avaliou que ainda faltavam análises de impacto ambiental a serem avaliadas.
O aval de Biden ao projeto será uma mancha em sua administração, criticam ambientalistas e especialistas do setor. Justamente ele que durante toda a campanha e início de governo tinha afirmado que lutaria contra as mudanças climáticas. Segundo próprios dados da Casa Branca, a produção de Willow gerará petróleo suficiente para liberar 9,2 milhões de toneladas métricas de poluição de carbono por ano – o equivalente a adicionar 2 milhões de carros movidos a gasolina às estradas.
O ex vice-presidente dos Estados Unidos e ganhador do prêmio Nobel da Paz, Al Gore, demonstrou indignação com a postura de Biden.
“A expansão da perfuração de petróleo e gás no Alasca é imprudente e irresponsável. A poluição que isso geraria não apenas colocaria os nativos do Alasca e outras comunidades locais em risco, mas também seria incompatível com a ambição de que precisamos para alcançar um futuro carbono zero”, afirmou em entrevista ao jornal The Guardian. “Não precisamos sustentar a indústria de combustíveis fósseis com novos projetos plurianuais que são uma receita para o caos climático”.
Diversas organizações ambientais vieram à público repudiar a decisão. A expectativa é que certamente haverá batalhas na justiça para tentar impedir que a exploração ocorra.
“Aprovar Willow é um afastamento inaceitável das promessas do presidente Biden ao povo americano sobre clima e justiça ambiental”, disse Lena Moffitt, diretora executiva da Evergreen Action, um grupo climático. “Depois de tudo o que este governo fez para promover a ação climática e a justiça ambiental, é doloroso ver uma decisão que sabemos que envenenará as comunidades do Ártico e encerrará décadas de poluição climática que simplesmente não podemos pagar”.
“A aprovação do governo Biden deixa claro que seu apelo à ação climática e à proteção da biodiversidade é conversa, não ação”, reforçou Sonia Ahkivgak, coordenadora de assistência social do grupo Sovereign Iñupiat for a Living Arctic.
Apesar de toda comoção e polêmica, o projeto foi apoiado por algumas comunidades de povos originários do Alasca e também, pela base de senadores republicados do estado. De acordo com representantes da Inupiat Community of the Arctic Slope e a Alaska Federation of Natives, o dinheiro permitirá o desenvolvimento econômico de suas populações.
“O Projeto Willow é uma nova oportunidade para garantir um futuro viável para nossas comunidades, criando estabilidade econômica geracional para nosso povo e promovendo nossa autodeterminação”, declarou Nagruk Harcharek, presidente do grupo Voice of the Arctic Iñupiat, em comunicado.
*Com informações do site The Guardian e CNN International
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Foto de abertura: divulgação ConocoPhillips
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