Nascimento de três fêmeas de leão da montanha renova esperança para sobrevivência da espécie
O ano passado foi trágico para a população de leões da montanha (Puma concolor) na região de Santa Mônica, em Los Angeles, na Califórnia. Quinze indivíduos morreram, a maioria deles em colisões com veículos. E no final de 2022, autoridades locais decidiram sacrificar P-22, o macho que era um símbolo da preservação da espécie no estado.
Mas a descoberta de três filhotes fêmeas numa toca em Simi Hills renova as esperanças de biólogos, que há anos monitoram a espécie nessa área, cortada por diversas rodovias, com tráfego intenso.
As pequenas leões da montanha são filhas de P-77 (todos os animais são identificados através da letra P e um número). As fêmeas têm cerca de um mês de vida e parecem bem de saúde.
“Será interessante ver como essas filhotes irão explorar esse ambiente quando ficarem mais velhas e se dispersarem, principalmente se decidirem ficar em Simi Hills ou atravessar rodovias para entrar em áreas naturais maiores”, diz Jeff Sikich, biólogo chefe dos estudos de campo do leão da montanha do Serviço Nacional de Parques dos Estados Unidos. “É encorajador ver a reprodução em nossa pequena população de leões da montanha, especialmente depois de todas as mortes que documentamos no ano passado”.
A visita à toca é feita pelos biólogos sempre que a mãe sai em busca de alimentos ou para descansar. Um profissional fica monitorando a localização da fêmea através de sinais de rádio – P-77 ganhou um deles quando foi capturada no passado -, enquanto os demais conferem os filhotes.
Em menos de uma hora, a saúde, peso e tamanho dos animais são checados e se faz a confirmação do sexo de cada um. Os filhotes recebem ainda uma espécie de etiqueta colorida e com número, na orelha, para facilitar sua identificação futura, seja através de captura, ou imagens obtidas com armadilhas fotográficas.
Desde 2002, o Serviço Nacional de Parques estuda o leão das montanha de Santa Mônica e arredores para determinar como ele sobrevive em um ambiente fragmentado e urbanizado.
As filhotes são todas fêmeas
(Foto: divulgação National Park Service)
Espécie nativa das Américas, o leão da montanha também é chamado de puma e no Brasil é mais conhecido como onça-parda ou suçuarana. É o mamífero terrestre com a distribuição geográfica mais ampla no continente. Vai do Canadá até o sul do Chile. Seu tamanho varia muito conforme a região onde é encontrado. Machos podem pesar entre 50 e 100 kg. Além de montanhas, podem ser observados em florestas, desertos e planícies.
Esses felinos buscam suas presas durante o período da noite, quando geralmente atacam veados e animais de porte menor. As fêmeas procriam, em geral, a cada dois anos, quando têm entre um e seis filhotes, e ficam ao lado deles por cerca de um ano e meio.
A maior passarela do mundo para travessia de animais
Em abril de 2022 começou a construção do viaduto que passará sobre dez pistas de uma rodovia, por onde passam, diariamente cerca de 300 mil veículos. A obra gigantesca, que garantirá a travessia de animais sobre uma das estradas mais movimentadas da Califórnia, deve ficar pronta este ano.
A passarela está sendo erguida sobre a US Highway 101, na região de Agoura Hills, em Santa Monica, terá quase 65 metros e será coberta com vegetação e árvores nativas.
Batizada de Wallis Annenberg Wildlife Crossing, a travessia será importantíssima não apenas para a proteção do leão da montanha, mas também gatos-selvagens, coiotes, veados e uma série de outros animais (leia mais aqui).
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Foto de abertura: divulgação National Park Service
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