A mãe do PAQ
O Brasil vive um programa de aceleração da queda. Só quem vê crescimento é a mãe coruja
RUTH DE AQUINO
05/11/2013 07h00
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A troca do C pelo Q não é erro de revisão. O Brasil vive um Programa de
Aceleração da Queda (PAQ). Só quem vê “crescimento” é a mãe coruja,
Dilma Rousseff, o pai, Lula, e o padrinho, Mantega. O objetivo não é
afogar o leitor em números e porcentagens. Bilhões são um conceito tão
remoto para nós quanto a moda ridícula dos desfiles “fashion”.
Mas alguns valores e siglas precisam ser exibidos porque, em algum momento, quem pagará o pato é você – ou alguém duvida que a família do PAQ terá ainda mais fome de arrecadação em ano eleitoral? Para cobrir o rombo da saia, todos os impostos – como o IPTU, para citar apenas um – terão de ser aumentados acima da inflação. E outros, como a CPMF, serão relançados sob outro nome, para disfarçar o assalto. Aguentem os próximos parágrafos. Eles justificam os temores de quem sabe a diferença entre crescimento e queda.
As contas públicas – e isso engloba União, Estados, municípios e estatais – tiveram um deficit de R$ 9,048 bilhões em setembro. O pior resultado em 12 anos, desde 2001. O governo diz que é um resultado “sazonal”, por causa da antecipação do 13o, do aumento do salário mínimo em 9%, da redução de receitas e da alta dos juros. Mas todo ano tem setembro e dezembro. Não se inventou ainda o ano de dez meses.
Como explicar o enorme deficit no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) num país que comemora a queda no desemprego? Ele deve fechar o ano com menos R$ 7,2 bilhões, o pior resultado desde que foi criado, em 1990. Qual será a solução? O governo exigirá curso de reciclagem a quem quiser sacar o seguro-desemprego. Toma!
Mas alguns valores e siglas precisam ser exibidos porque, em algum momento, quem pagará o pato é você – ou alguém duvida que a família do PAQ terá ainda mais fome de arrecadação em ano eleitoral? Para cobrir o rombo da saia, todos os impostos – como o IPTU, para citar apenas um – terão de ser aumentados acima da inflação. E outros, como a CPMF, serão relançados sob outro nome, para disfarçar o assalto. Aguentem os próximos parágrafos. Eles justificam os temores de quem sabe a diferença entre crescimento e queda.
As contas públicas – e isso engloba União, Estados, municípios e estatais – tiveram um deficit de R$ 9,048 bilhões em setembro. O pior resultado em 12 anos, desde 2001. O governo diz que é um resultado “sazonal”, por causa da antecipação do 13o, do aumento do salário mínimo em 9%, da redução de receitas e da alta dos juros. Mas todo ano tem setembro e dezembro. Não se inventou ainda o ano de dez meses.
Como explicar o enorme deficit no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) num país que comemora a queda no desemprego? Ele deve fechar o ano com menos R$ 7,2 bilhões, o pior resultado desde que foi criado, em 1990. Qual será a solução? O governo exigirá curso de reciclagem a quem quiser sacar o seguro-desemprego. Toma!
Pagamos menos de conta de luz? A redução carinhosa deu um curto-circuito nas contas públicas. A luz mais barata resultou em R$ 2 bilhões a menos nas receitas do Tesouro no mês de setembro. Alguém acha mesmo que o Tesouro ficará assim, mais pobrezinho? O populismo é uma doença autoimune e destrói as defesas do organismo. Ou alguém acha que as autoridades de São Paulo assumirão a caridade com passagens de ônibus? O IPTU existe para que, não é? É o mesmo princípio dos deputados e senadores, que praticam nepotismo cruzado para driblar a proibição de empregar parentes próximos. Os governos, quando acuados, praticam bondades com nosso dinheiro futuro. Já viu contribuinte ganhar alguma coisa na conta final? Toma!
O deficit de R$ 9 bilhões está maquiado pelo desempenho positivo nos Estados e municípios, que tiveram superavit. Se levarmos em conta só as despesas do governo federal com pessoal, programas sociais, custos de administração e investimentos, o rombo é maior. Faltaram R$ 10,5 bilhões no caixa do Tesouro em setembro. O pior resultado desde 1997. O superavit acumulado no ano até setembro é de R$ 27,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, foi de R$ 54,8 bilhões. Há metas fiscais para 2013, o governo promete cumprir. Nos últimos quatro anos, a meta foi descumprida três vezes.
Não se amofine, o Brasil está no caminho certo em direção à “neutralidade”, segundo o Banco Central. Como se alguém pudesse ser neutro na história. Essas queixas todas não passam de papo de oposição. O importante é que existem o PAC e a intenção governamental legítima de investir em infraestrutura. É mesmo? O que se investiu nos últimos dois anos em infraestrutura foi pífio. Pouco mais de 2% do PIB. Não se pode culpar só a mãe pela magreza do filho. A família do PAC não se entende sobre coisas básicas, como o menu do almoço, as compras no mercado – ou se o setor privado será convidado.
Podemos achar difícil entender por que o país derrapa tanto na gestão de recursos. É fácil entender que, ao lado da ineficiência, existe a contribuição de ladrões travestidos de fiscais e de políticos. Imaginar que R$ 500 milhões, ou meio bilhão de reais, deixaram de entrar nos cofres públicos exatamente por quem deveria, na prefeitura em São Paulo, fiscalizar as contas e a liberação de grandes empreendimentos... É muito. E foi gente de confiança do ex-prefeito Gilberto Kassab. Eles enriqueceram com propina e fraude. Alguns prosseguiram na prefeitura de Fernando Haddad.
São Black Blocs de terno, gravata e colarinho-branco, que depredam na surdina o patrimônio público e agem sem pudor em todas as esferas governamentais, com o único intuito de surrupiar grana do povo, comprar coberturas de alto luxo e Porsches. Esse pessoal precisa tirar a máscara e ser preso.
Saca essa nova ação integrada das secretarias de Segurança, com o ministro da Justiça, para investigar e impedir agressões e vandalismo nas ruas? Pois é, também saíram de controle os abusos de autoridades e políticos. Eles arrombam cofres, depredam nossa autoestima e vandalizam nossa economia.
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