Helena Mader
Publicação: 15/01/2014 06:02 Atualização: 15/01/2014 06:35
Em 2011, índios tentaram impedir as obras no local |
A Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) realiza hoje mais uma licitação de terrenos no Setor Noroeste em meio a uma nova batalha. A Justiça Federal reconheceu como terra indígena uma área de 4,1 hectares no bairro e garantiu a pelo menos 40 índios da etnia Fulni-ô Tapuya a posse permanente dos lotes. O juiz Paulo Ricardo de Souza Santos, da 2ª Vara da Seção Judiciária do DF, determinou ainda que a Fundação Nacional do Índio (Funai) delimite o espaço ocupado pelos Fulni-ô Tapuya. A Terracap informou que já apresentou embargos de declaração contra a decisão.
O posicionamento da Justiça Federal contraria pareceres antropológicos apresentados pela Funai desde o início do processo judicial, em 2008. A fundação defende que não há elementos para caracterizar o chamado Santuário dos Pajés como uma terra indígena tradicionalmente ocupada. Mas a Justiça Federal entendeu que os índios devem ficar onde estão.
Os integrantes da etnia Fulni-ô Tapuya ocupam local equivalente à área das quadras comerciais CRNW 508, CRNW 708 e EQNW 708/709 do Setor Noroeste. O Santuário dos Pajés também fica em uma região prevista para a construção de uma via pública para o bairro. No processo, os índios alegaram que estão no mesmo local desde 1969, mas que há registro da presença da etnia na região desde 1957.
O caso se arrasta na Justiça desde 2008, quando a Procuradoria Regional dos Direitos dos Cidadãos abriu inquérito civil público para apurar denúncias de violação do território ocupado pela comunidade indígena do Bananal. O Ministério Público Federal entrou com ação civil pública contra a Funai, a Terracap e o Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
Em 2009, o Ministério Público Federal expediu recomendação para que a Funai criasse um grupo técnico de identificação e delimitação. O MPF alegou que a área indígena deveria ter 50 hectares, mas o espaço delimitado agora pela Justiça tem 4,1 hectares, 11 vezes menos do que o pedido dos procuradores.
Em outubro de 2011, a situação se agravou quando a construtora que comprou uma projeção residencial começou a cercar o terreno e remover árvores do local. Índios moradores do Santuário dos Pajés reagiram e a causa ganhou o apoio de estudantes e integrantes de organizações sociais. O grupo formou barreiras humanas para impedir a atuação dos funcionários da construtora e houve confronto entre seguranças e defensores dos índios.
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