Por causa das constantes mudanças nas datas, os pais também relatam dificuldades para programar o período de descanso da família
manuela.rolim@jornaldebrasilia.com.br
Reunidas em assembleia, as merendeiras, funcionárias terceirizadas, decidiram paralisar as atividades até que a empresa quite o pagamento das férias, tíquete alimentação e vale-transporte de janeiro e fevereiro para cerca de 800 trabalhadoras. Além destas, 655 recepcionistas decidiram paralisar o atendimento nos postos e hospitais públicos do DF.
De acordo com o Sindserviços, que representa as categorias, outras 500 merendeiras também das escolas públicas do DF, de outra empresa, optaram por aguardar o cumprimento do acordo firmado no Ministério Publico do Trabalho (MPT-10ª Região), na semana passada, mas estão em estado de greve. Elas tiveram a promessa de receber salário e benefícios atrasados ainda hoje.
Férias
O retorno tardio às salas de aula, consequentemente, adiou o fim do segundo semestre. Por causa das constantes mudanças nas datas, os pais também relatam dificuldades para programar o período de descanso da família.
Mesmo assim, pela manhã, alunos e professores deram início às atividades escolares normalmente e o mesmo aconteceu no período da tarde. Em frente ao Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB), na 908 Sul, por exemplo, o empresário Daniel de Mattos, 44 anos, pai do estudante Vitor, 17, que está no 3º ano, comemorou o retorno do filho ao colégio. "Depois de tanto impasse entre o governo e os servidores, não esperava que as aulas, de fato, fossem começar hoje (ontem), o problema parecia não ter fim. Com certeza, esse atraso vai atrapalhar a programação do fim de ano", afirma o empresário.
Hora de contabilizar prejuízos
Para a dona de casa Cássia Regina Siqueira de Matos, 33 anos, mãe do Pablo Henrique, 14, a situação é ainda pior. Enquanto aguardava o início das aulas do filho, no Centro Educacional Caseb, na 909 Sul, ela desabafou a respeito do atraso do ano letivo: "Desde o dia 23 de fevereiro que o transporte escolar está pago, ou seja, perdi uma semana de dinheiro. Além disso, hoje (ontem), tive que trazê-lo, pois estou desacreditada e insegura com o início das aulas. É um descaso sem tamanho com a população", lamenta.
Cássia acrescenta que não acredita na reposição das aulas perdidas. "Já fui professora e sei que, mesmo com o ano letivo começando sem atraso, o tempo já é muito curto. Além disso, não podemos esquecer que os alunos estavam parados há muito tempo e que até eles entrarem no ritmo de novo vai demorar um pouco, o que vai atrasar ainda mais o aprendizado", completa ela, ressaltando a insatisfação com a previsão do fim das aulas para depois do Natal.
"Nós íamos viajar nas férias do meio do ano, mas teremos que cancelar a programação. Não posso prejudicar ainda mais o Pablo. Acho que não teremos férias, inclusive, no fim do ano", conclui.
Para a doméstica Girlene Dourado da Silva, 36 anos, mãe da Larissa, 15, que também aguardava ansiosa pelo início das aulas, é um absurdo os alunos terem que pagar pelo problema dos outros. "Nossos filhos serão os mais prejudicados dessa história", afirma.
Docentes garantem reposição
O diretor do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro-DF) Cláudio Antunes confirma a preocupação dos alunos, principalmente do Ensino Médio, com o atraso no término do ano letivo, mas garante que o problema não tem relação com a suspensão das atividades dos professores na semana passada.
"O governo atrasou o início das aulas por causa das reformas nas escolas e foi essa mudança no calendário que transferiu o fim das atividades para depois do Natal, no dia 29 de dezembro. As aulas estavam marcadas para começar no dia 9 de fevereiro, mas o GDF adiou para o dia 23", explica o diretor, ressaltando que, neste caso, não há mais o que se fazer.
Por outro lado, Antunes informa que as aulas perdidas em decorrência da suspensão das atividades da categoria serão repostas até o meio deste ano. Para isso, a comunidade escolar deverá utilizar os próximos recessos e sábados. "Essa semana, inclusive, teremos uma reunião com o secretário de Educação, Júlio Gregório, para definir isso. A nossa intenção é de que cada escola, dentro do limite, escolha a melhor maneira para repor a matéria até o meio do ano", completa.
A diretora do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb), da Asa Sul, Joselma Ramos Mouta, afirma ainda que as escolas poderão enviar para a Secretaria de Educação um calendário proposto por cada unidade com a utilização dos dias móveis de dezembro para tentar antecipar o fim do ano letivo, caso essa seja a vontade do corpo acadêmico. "Como hoje (ontem) foi o primeiro dia, ainda não temos um calendário definitivo, mas isso deve acontecer ainda nesta semana, explicou.
Surpresa
Para as professoras de artes visuais e biologia do Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb) da Asa Sul, Verônica Lima e Pollyanna Braz, respectivamente, o primeiro dia de aula foi surpreendente. "A frequência foi muito boa, mais de 50% dos alunos compareceram. Inclusive, foi melhor do que no primeiro dia de aula dos anos anteriores", conta Verônica. Pollyanna também ficou satisfeita: "Hoje (ontem), minhas turmas tiveram uma média de 40 alunos ".
Fonte: Da redação do Jornal de Brasília
Nenhum comentário:
Postar um comentário