sexta-feira, 10 de abril de 2015

12 de abril será maior que 15 de março: 400 cidades já aderiram contra 250 da manifestação anterior.



(Valor) Menos de um mês depois de marcharem divididos país afora entre bandeiras do combate à corrupção, do "Fora PT" e da defesa da intervenção militar, grupos da sociedade civil prometem voltar às ruas no domingo unidos em torno do mesmo pedido: o impeachment da presidente Dilma Rousseff. Os organizadores da segunda manifestação contra o governo ampliaram o número de cidades em que farão atos, mas ainda têm dúvidas se conseguirão uma adesão popular igual ou maior à que tiveram em 15 de março.

 
O grupo "Vem Pra Rua", que planeja protestos contra o governo em quase 400 cidades, decidiu aderir à bandeira do impeachment da presidente. Na manifestação anterior, o movimento evitou defender a saída de Dilma do cargo e focou na defesa do combate à corrupção no governo federal. Clique aqui e confira os locais no blog do Augusto Nunes.

O líder do grupo, o empresário Rogério Chequer, reclama que o governo não apresentou mudanças concretas depois dos protestos do mês passado, que levaram uma multidão às ruas, e afirma que há bases jurídicas para levar adiante o processo de impeachment. Para Chequer, os parlamentares precisam agir diante das manifestações. "O impeachment não é um processo só jurídico, mas também político. O Congresso deveria ouvir o clamor das ruas, pela magnitude que tiveram os protestos", diz.

Temas em debate no Congresso, como a ampliação da terceirização, que deve atingir em cheio os direitos trabalhistas e que foi votada nesta semana pela Câmara, deverão passar ao largo dos discursos do grupo. "Isso não faz parte das prioridades nacionais", afirma o porta-voz do Vem Pra Rua. "O Brasil tem problemas de sobra e não temos tempo nem recursos para fazer tantos debates. Temos que priorizar a democracia e a estabilidade em nível federal", diz.

Chequer afirma que o grupo ampliou a participação de 241 para 392 cidades em relação ao protesto de março, mas aposta em um "público parecido" numericamente com o de março. O líder do Vem Pra Rua diz que mais importante do que o número de participantes é a "capilaridade" dos atos contra Dilma. "Teremos mais manifestações no Norte e no Nordeste". O grupo diz ter gastos da ordem de R$ 20 mil, bancados por "voluntários e simpatizantes". As camisetas vendidas pelo movimento passaram de R$ 25 para R$ 30.

O "Movimento Brasil Livre", que afirma ter confirmações de atos em cerca de 160 cidades, manterá a defesa do impeachment e diz ter recebido a adesão de outros grupos com a mesma bandeira. Para o advogado Rubens Alberto Nunes, representante do grupo, a saída de Dilma da Presidência é "o objetivo único" dos atos. "O governo está receoso e tem sentido temor das manifestações", afirma.

O movimento diz que dobrou o número de cidades em que fará manifestações e afirma que levará uma espécie de palco para a avenida Paulista, que deve concentrar o maior número de manifestantes no domingo, e também estima gastos da ordem de R$ 20 mil. A Polícia Militar de São Paulo fechará no fim da manhã a avenida inteira para o ato.

Em comum, os dois maiores grupos organizadores das manifestações de domingo tentam manter-se distantes dos movimentos que pregam a intervenção militar e a volta da ditadura, como o Revoltados Online e o SOS Forças Armadas, que chegaram a desfilar com torturador em cima de carro aberto na avenida Paulista, em São Paulo.

 
O Vem Pra Rua e o Movimento Brasil Livre afirmam também que não deixarão políticos subirem nos carros de som, para evitar a partidarização dos atos. Na manifestação passada, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (SD) levou um carro de som à avenida Paulista mas foi vaiado. Lideranças do PSDB, como o presidente do partido, senador Aécio Neves (MG), ainda estudam se vão participar das manifestações.

 
Depois dos atos de 15 de março, a popularidade da presidente atingiu sua pior marca. Três dias depois do ato de março, Dilma tentou melhorar a imagem de seu governo, com o lançamento de pacote de medidas de combate à corrupção. No entanto, duas semanas depois dos protestos, apenas 12% afirmaram que o governo é "ótimo ou bom" e 64% avaliaram como "ruim ou péssimo", segundo pesquisa Ibope divulgada no dia 1º. Na pesquisa anterior, de dezembro, 40% aprovavam o governo e 27% desaprovavam. No levantamento do início deste mês, 74% disseram não confiar na presidente.

 
Dilma reuniu-se com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir os protestos e promoveu mudanças em seu ministério, para melhorar a comunicação e a articulação política, mas ainda teme perder o controle sobre a crise política que enfrenta. O governo federal acompanha com atenção a segunda rodada de protestos, mas aposta em uma mobilização menor do que em março. Nas redes sociais e na mídia, o ato de domingo não tem o apelo que teve em março.
 
 

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