quarta-feira, 26 de agosto de 2015
O indiciamento de Eduardo Cunha funcionou, para ele, como o corte dos cabelos para Sansão. Não há Força Sindical que substitua a energia e o dinamismo que o matreiro presidente da Câmara vinha exibindo nos últimos meses. O povo brasileiro e nossos congressistas, bem sabemos, somos muito exigentes sob o ponto de vista moral. Pintou sujeira, caiu em desgraça, não é Renan?
Com
Cunha em desgraça, o bolo de apostas volta-se para Michel Temer. O
vice-presidente tem tudo para ser o Itamar Franco paulista.
Assim
como o vice de Fernando Collor, que acabou sendo bom presidente, Temer
está longe de ser um político tradicional, populista e demagogo. Mas
conhece o jogo e está jogando. Ao comunicar seu afastamento da
coordenação política, calçou as chuteiras. E sabe que vai precisar de
caneleiras.
Sábado, dia 22, em seu blog na Veja, Felipe Moura Brasil, assim escreveu:
1)
O vice-presidente Michel Temer, que se prepara para deixar a
articulação política do governo, e o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha, encontraram-se em São Paulo na sexta-feira. Espero que Temer
tenha concordado com o roteiro do impeachment de Dilma.
2)
Para aliados ouvidos pela Folha, se Temer antecipar o congresso do PMDB
marcado para novembro, dará a ‘senha’ para o avanço do processo de
impeachment. #AntecipaTemer!
3)
Um peemedebista, segundo o jornal, aposta que a saída de Temer da
articulação política aumenta o risco de Dilma não se sustentar no cargo.
Nunca tivemos dúvida disso.
4) Razões de Temer para deixar a articulação, de acordo com informações da Folha e da Veja:
– Constantemente desautorizado por Dilma, perderia seu capital político;
– Ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, recebeu membros da CPI do BNDES sem que Temer soubesse;
– Dilma não o chamou, por exemplo, para a reunião ampliada com membros do governo alemão;
– Dilma arbitrou pessoalmente uma disputa entre PSD e PP pelo comando da CBTU, companhia de trens urbanos.
5)
Resumindo: Por não confiar em Temer, julgando que ele conspirava pelo
impeachment, Dilma o sabotou como articulador político, o que acelerou o
impeachment. #ObrigadoDilma!
EM BAIXA
É
uma análise com a qual concordo. Ela expressa, também, que só Dilma não
tem como subir. O peso próprio não a ajuda. Ela mesma e seu partido
puxam-na para baixo. Já o PMDB tem um compromisso ideológico com
Machiavel. Faz o jogo do poder. E o partido percebeu que o PT a curto e
médio prazos já era. A sinaleira trancou no sinal verde para o partido
que, um dia, foi de Ulysses Guimarães. E o sinal para o PT travou – ora
vejam só! – no vermelho.
26 de agosto de 2015
Percival Puggina
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