Por Pedro Duarte (Professor
de História e negro)
Tenho lido muito e ouvido falar que hoje em dia que a sociedade brasileira precisa pagar uma "Dívida Histórica" que tem com os negros.
Mas essa acusação falaciosa
se torna confusa quando percebe-se que o próprio negro também escravizava.
* Zumbi de Palmares (aquele
que os livros do MEC disseram ser o líder de um exemplo de sociedade
comunitária) tinha escravos e matou Ganga Zumba, seu tio, para se tornar o
líder daquele Quilombo.
* Chica da Silva, casada com um capitão-mor português, só conseguiu se inserir
na sociedade mineira por ter diversas escravas que eram oferecidas como
prostitutas à elite colonial.
* O maior comerciante de escravos do século XIX era um negro; seu nome era
Francisco Felix "O Xaxá", e só ele foi responsável pelo tráfico de
500 mil escravos (todos eles registrados em atas comerciais).
Quem cobrará a "Dívida
Histórica" desses negros que também escravizaram?
Para tentar resolver esse
imbróglio, os professores de história criaram o mito de Zulu (o herói negro,
símbolo da resistência) e ocultaram os fatos da vida de Chica da Silva e Xaxá.
A tendenciosidade da
Historiografia Brasileira é abusadamente maldosa. E esse "revanchismo
histórico", que joga classes sociais x classes sociais e etnias x etnias
nunca quis, de fato, falar de história, apenas usar a história com finalidades
políticas.
Que a hecatombe da
escravidão no Brasil foi um episódio terrível na história mundial, todos
sabemos e condenamos. Mas não se deve culpar determinados grupos em favor de
outros.
A culpa
pela escravidão, que durou oficialmente 358 no Brasil, não é apenas de uma
determinada etnia. Ela é milenar e vem desde os tempos da própria África.
Por isso, antes de querer debater de forma acusativa, é necessário ler a história de forma ampla, buscando as origens, não apenas as consequências sociais.
Portanto, quando alguém vem
apenas com chavões falaciosos repetidos em bancos escolares, como um papagaio
que apenas repete o que ouviu, sem nem ao menos saber o que está repetindo, eu
tenho o gosto de expor documentos, fatos, nomes e provas, para destacar que
história é muito mais que uma leitura.
História é pesquisa,
compreensão e, acima de tudo, REFLEXÃO.
Mas reflexão é algo que se
deve fazer sozinho, por isso reitero: para conhecer a História é preciso LER e,
acima de tudo, ENTENDER sem alguém murmurando doutrinas em seus ouvidos.
EM TEMPO: a maior
"Dívida Histórica" que existe é da própria história, que por tantos
anos mentiu nas escolas para nossos filhos.
Postado por BLOG do PROVINCIANO às 08:04
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