Às vésperas do anúncio do acolhimento do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff, o vice, Michel Temer (PMDB), recebeu em sua residência oficial, em Brasília, sete senadores da oposição para discutir o rito de afastamento da petista.
Na
tarde desta quarta-feira (2), Temer almoçou com os senadores José Serra
(PSDB-SP), Aloysio Nunes (PSDB-SP), Tasso Jereissatti (PSDB-CE),
Fernando Bezerra (PSB-PE), Agripino Maia (DEM-RN), Ricardo Ferraço
(PMDB-ES) e Waldemir Moka (PMDB-MS). O encontro foi tratado com
discrição.
Segundo a Folha apurou, o grupo
de senadores pediu a Temer que apoiasse o andamento do pedido de
impeachment de Dilma, independente do destino do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), responsável por autorizar o início do processo
de afastamento da petista no Legislativo.
A avaliação feita à mesa do Palácio do Jaburu foi de que a crise política havia paralisado o país e precisava de um desfecho célere.
Os senadores disseram a Temer que seria
preciso “fechar” o debate sobre o impeachment de Dilma o mais rápido
possível para que fosse possível retomar, de alguma forma, as discussões
sobre os rumos do país.
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Pessoas próximas ao vice sustentam que
ele ouviu o diagnóstico, mas não se comprometeu pessoalmente com nenhuma
articulação. Logo após o almoço, porém, alguns dos principais aliados
de Temer defenderam, em tom de ultimato, que era preciso dar fim ao
impasse sobre Dilma.
Procurado pela Folha para falar sobre a crise, o ex-ministro
Moreira Franco (PMDB-RJ), um dos homens mais alinhados a Temer em seu
partido, avaliou que “está se cristalizando a convicção de que o tempo
corre contra o país”.
“Temos que ter senso
de responsabilidade e espírito público. As nossas instituições estão se
liquefazendo. Isso tem um efeito catastrófico na economia e, na
sociedade, absolutamente destrutivo”, continuou Moreira.
“Não dá mais. Temos que ter uma solução”, concluiu.
A fala foi lida por integrantes da
oposição como um sinal de que o grupo de Temer “não moverá uma palha”
para frear o andamento do impeachment de Dilma.
Pessoas próximas ao vice asseguram ainda
que a mesma lógica vale para Eduardo Cunha, que enfrenta um processo no
Conselho de Ética da Câmara por envolvimento no esquema de corrupção na
Petrobras e, por meses, usou a prerrogativa de dar início ao debate
sobre o afastamento da petista como moeda de troca para tentar salvar o
próprio mandato.
Agora que decidiu deflagrar o processo,
avaliam oposicionistas, Cunha deu sua última cartada e amarrou seu
destino ao da petista.
Nas palavras de um cacique do PSDB,
Dilma e o presidente da Câmara, que chegaram a trocar rusgas
publicamente, agora vão “morrer abraçados”.
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