Alexandre Parafita, consagrado escritor português, em texto publicado no portal JORNAL DE NOTÍCIAS,
também português, fez severas críticas às “falácias” de Lula durante
sua visita à Madri, quando ele atribuiu alguns problemas brasileiros aos
primórdios da conquista portuguesa.
Parafita
não poupou críticas à Lula e seu “analfabetismo histórico”, afirmando
que o líder petista tem uma “estranha obsessão” em culpar os portugueses
pelo atual estado da educação no Brasil.
Confira o texto na íntegra abaixo:
Se não foste tu, foi o teu pai
Lula
da Silva, um autodidata que se orgulhava de nunca ter lido um livro,
mas que conseguiu chegar ao mais alto título doutoral português como
Doutor Honoris Causa pela Universidade de Coimbra, resolveu por estes
dias, quiçá alentado pela sua tão nobre conquista académica, dar-se ares
de historiador, e, numa conferência em Madrid, culpou a colonização
portuguesa pelos atuais atrasos da educação no seu país ao não ter
criado universidades, enquanto elogiava a colonização espanhola pelo que
fez de diferente nos países da América Latina que ocupou.
O “historiador” Lula caiu em quatro erros:
1.º
– Nesse tempo muitas das instituições de Ensino Superior nasciam como
escolas politécnicas, escolas de medicina e faculdades, tornando-se
precursoras de grandes universidades. Assim aconteceu também no Brasil
colonial. Para não falar do padre José de Anchieta, que, a partir de um
colégio de jesuítas, em 1554, fundou a cidade de São Paulo, a grande
capital cultural do país.
2.º
– O Brasil tornou-se independente em 1822 e se, como disse, “a primeira
universidade surgiu apenas em 1922″ (sic), o que andaram as elites
intelectuais e governativas brasileiras a fazer nesses 100 anos? Por que
estiveram um século sem criar uma única universidade? A haver culpados
para os atrasos na educação não estarão eles aí?
3.º
– E porquê o “historiador” Lula não lembrou o filósofo português
Agostinho da Silva que, na segunda metade do século XX, nos 20 anos de
exílio que cumpriu no Brasil, ele próprio fundou três universidades
(Paraíba, Santa Catarina, Brasília)?
4.º
– Mas, ainda mais estranho, foi o ter ido fazer estas comparações
(colonização portuguesa vs. colonização espanhola) logo à capital de
Espanha. Saberá, por ventura, o insigne “doutor de Coimbra” o que
fizeram os colonizadores espanhóis nos territórios que ocuparam na
América Latina, ao arrasarem as civilizações milenares dos povos
indígenas aztecas e incas?
Esta
estranha obsessão em culpar os portugueses pelo atual estado da
educação no Brasil, traz-me à lembrança a velhinha fábula de La Fontaine
(mas também de Fedro e de Esopo) do “Lobo e o cordeiro”, com o lobo a
procurar os argumentos mais grosseiros e absurdos para culpar quem lhe
turvava a água do ribeiro.
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